Jornal Estado de Minas

Temer reúne tropa de choque para aprovar reforma da Previdência


Brasília – O presidente Michel Temer prepara sua tropa de choque para fazer esforço concentrado pela reforma da Previdência. Ele vai reunir ministros, líderes e presidentes de partidos da base no Palácio da Alvorada no domingo para definir as estratégias para aprovar as mudanças nas regras da aposentadoria na Câmara dos Deputados.

O governo precisa de 308 votos para aprovar a reforma, mas líderes aliados avisaram o presidente que o Planalto não tem mais do que 250. Um das dificuldades é o PSDB, que não deve fechar questão pela reforma, apesar do apelo do presidente licenciado do partido, senador Aécio Neves (PSDB-MG).

O objetivo do governo é votar a reforma em primeiro turno na quarta ou quinta-feira da semana que vem na Câmara, mas essas datas são consideradas muito apertadas diante da insuficiência de votos. O plano B, então, seria o dia 13, e a votação em segundo turno no dia 20.

O PSDB segue como incógnita. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse ontem que o partido não está mais na base do governo e que caberá ao presidente Michel Temer fazer as alterações nas pastas comandadas pelos tucanos.

O ministro, entretanto, evitou responder se o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), que na semana passada chegou a ser anunciado para o cargo do tucano Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), ainda vai assumir a articulação do governo.

“O PSDB não está mais na base de sustentação do governo federal, já disse que vai sair. Vamos fazer de tudo para manter a nossa base de governo e um projeto único de poder para 2018”, disse Padilha.

Padilha afirmou que mesmo que o PSDB abra a mão de cargos na Esplanada, o presidente poderá manter quadros da legenda como nomes de sua escolha.

“Uma coisa é um ministro que está no governo representando um partido.
Outra coisa é o presidente manter alguém como representante de sua cota pessoal”, disse.

Eliseu Padilha disse que a única condição para o PMDB apoiar um candidato à Presidência da República é que o partido defenda o legado do atual presidente.

“Não estamos excluindo ninguém, mas estamos colocando uma condição”, disse. “Se o candidato do PSDB disser que defende o legado do presidente, há a possibilidade de uma aliança”, finalizou.

Apesar da fala do ministro, Temer negou que o PSDB deixou a base. Depois de rápido discurso durante almoço com membros da Frente Parlamentar Mista de Comércio, Serviços e Empreendedorismo, Temer evitou a imprensa, mas saiu fazendo sinal de positivo.

Quando jornalistas questionaram se o gesto significava que os tucanos haviam saído do governo, o presidente parou e energicamente fez o sinal de negativo com os dedos.

No almoço com o presidente estavam presentes Rodrigo Maia e alguns ministros, entre eles o tucano Antonio Imbassahy. Na saída, Imbassahy também evitou falar com a imprensa e disse que não comentaria nenhum tipo de assunto.

Carlos Marun também estava no evento e afirmou que, se Temer quiser que ele assuma a vaga da articulação, estará “à disposição” e que essa é uma decisão apenas de Temer.

“O presidente está avaliando se a mudança seria positiva”, disse, ressaltando que ele está trabalhando normalmente como parlamentar. “Inclusive voltando para a CPMI da JBS.” Segundo Marun, independentemente da saída ou não do PSDB, o governo conta com o partido para a aprovação a reforma.

Durante sua fala, Temer repetiu o discurso do governo que vem sendo feito praticamente em todos os eventos. Afirmou que o governo está fazendo as reformas para colocar o país no século 21 e que, com o “diálogo” com o Congresso, chegou-se “à ideia de que o Executivo governa com o Legislativo”.

Temer disse ainda que a reforma da Previdência vai fechar um ciclo de reformas importantes para o País, disse que ela vai atingir privilégios e que não se trata de uma proposta apenas de seu governo.
“Não é uma reforma minha, do governo, mas é do país”, disse.

SEM CONCESSÕES O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que deve assumir o comando do partido em dezembro, vai se encontrar com Temer no fim de semana para acertar o desembarque do partido do governo, mas já adiantou que o partido vai continuar apoiando a reforma da Previdência.

Nessa quarta-feira (29), o líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), afirmou que é falsa a informação de que o partido exige concessões do governo para votar a proposta a reforma. Em nota oficial, Tripoli avaliou que não há fato novo nas sugestões apresentadas para melhorar o texto.

Segundo ele, os pontos destacados pela imprensa de sugestões de alterações na proposta foram entregues pela bancada ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e ao relator da proposta, deputado Arthur Maia (PPS-BA), ainda no mês de abril, antes que o episódio JBS paralisasse a agenda legislativa e prejudicasse o andamento da reforma.

O líder do PSDB fez questão de ressaltar que é notório que as dificuldades do governo para consolidar apoio à proposta foram agravadas pelas denúncias da Procuradoria-Geral da República, com a progressiva falta de coesão na base.

“Não é papel da bancada do PSDB mobilizar os aliados do governo”, alfinetou o líder tucano, destacando ainda que os 46 votos do PSDB seriam ainda insuficientes para suprir o déficit de apoio no plenário.

Na nota, Tripoli ressaltou que o PSDB não se guia pela impopularidade dos temas ou pela proximidade do calendário eleitoral. “A votação de medidas importantes como a PEC do Teto de Gastos, a Lei das Estatais, a Terceirização, a Reforma Trabalhista, o Marco Regulatório do Petróleo, entre tantas outras, aprovadas com sólido apoio do PSDB, confirmam nosso compromisso com a agenda de reformas e nossa opção pela responsabilidade”, afirmou o líder na nota.

 

 

 

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