A ex-ministra e porta-voz da Rede, Marina Silva, anunciou neste sábado, 2, que será pela terceira vez candidata à presidência da República. A declaração é feita em meio às movimentações de alguns deputados do partido para deixar a legenda, que pode acabar perdendo metade de sua atual bancada na Câmara, de quatro deputados.
Na reunião chamada Elo Nacional da Rede, em Brasília, representantes do partido nos Estados entregaram a Marina os resultados das conferências estaduais que aconteceram nos últimos dois finais de semana que pediam que ela colocasse seu nome como pré-candidata da legenda. "Obviamente que não estaríamos aqui para dizer um não. O compromisso, o senso de responsabilidade, sem querer ser a dona da verdade, me convoca para este momento", disse Marina.
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A agora pré-candidata da Rede fez críticas também ao governo do presidente Michel Temer. Disse que a recuperação econômica ainda é lenta e que o País precisa de outras reformas que não as que o governo está propondo. "Um governo com 3% de aprovação não tem como construir reformas importantes, até porque as reformas importantes não são essas", declarou.
Segundo ela, o País vive uma crise política, ética e uma crise econômica que só agora dá sinais de pequena recuperação. "Temos diminuição da inflação, mas, se não tivermos processo duradouro, não tem como se sustentar. O déficit publico só aumentou no governo do Temer."
A ex-ministra disse que, em 2014, boicotaram registro da Rede e ela teve que ir para uma candidatura de última hora.
Segundo ela, a crise política foi causada por PT, PSDB e PMDB e que agora o eleitor deveria puni-los nas urnas. "O melhor presente que a sociedade (deve dar) para os partidos que criaram essa crise é um sabático de quatro anos."
A ex-senadora fez críticas também ao sistema político, disse que o partido terá apenas 0,05% do fundo eleitoral pois esses partidos maiores "privatizaram" os meios políticos para se manterem no poder. "Teremos 12 segundos de televisão", afirmou. Ela repetiu o discurso usado nas eleições anteriores de que essa fraqueza aparente, que também é atribuída a ela, na verdade é força. "Esse não é o momento para salvadores da pátria, a pátria é uma construção de todos nós", destacou. "As coisas grandiosas não são feitas por um único partido, de uma pessoa", afirmou, ressaltando que está vivendo a dor e a delicia "de ser quem somos".
Marina falou que "as dificuldades servem para exercitar a musculatura da persistência" e reconheceu que "vai ser difícil".
Marina disse que sua motivação não é o poder pelo poder e que a política é um serviço. Citando a polarização na política, Marina disse que vai repetir a estratégia de não agressão durante as campanhas, porque o País está criando uma cultura política do ódio e "isso não é bom para a democracia". "Ao me dispor a ser pré-candidata da Rede, vamos continuar dialogando com outros partidos e com a sociedade", afirmou.
Saudado como "futuro governador do Rio de Janeiro", o deputado Miro Teixeira (RJ) disse em seu discurso que precedeu a fala de Marina que o partido não quer desacatar a lei e antecipar candidatura, mas que o que a Rede quer é o consentimento da ex-ministra para que seu nome seja o nome do partido. "Em algum momento, essa assinatura terá que ser feita e hoje a assinatura da Marina é a palavra e a palavra 'sim'".
Apesar do anúncio, o partido informa que a candidatura ainda precisa ser aprovada no Congresso Nacional da Rede, previsto para acontecer em abril do ano que vem, e a definição de chapa e coligação acontecerá no começo de agosto, conforme prevê a legislação eleitoral.
A dinâmica do evento promovido pela Rede neste sábado visou, externamente, dar força ao anúncio da pré-candidatura ao mesmo tempo em que sinaliza internamente que Marina está fundamentada no apoio de seus correligionários. Com isso, a ex-ministra tenta dirimir a principal crítica interna da qual é alvo: a de que é centralizadora das decisões da legenda.
Nas últimas duas eleições Marina ficou em terceiro lugar. Em 2010, obteve cerca de 19 milhões de votos e em 2014 conseguiu conquistar um pouco mais de 22 milhões de eleitores.
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