Empresa de análise de dados que usou métodos controversos na vitoriosa campanha de Donald Trump, nos Estados Unidos, a consultoria britânica Cambridge Analytica, desembarcou no Brasil e negocia com dois potenciais pré-candidatos à Presidência para as eleições de 2018. O "braço" da Cambridge Analytica no País é a Ponte Estratégia, empresa que tenta ganhar espaço no mercado de marketing político nacional num cenário em que a disputa vai além das propagandas na televisão: a briga pelo eleitor se dará, em grande parte, nas redes sociais e nos aplicativos de conversa instantânea.
Leia Mais
Possíveis opções para 2018, Meirelles e Alckmin têm arestas a aparar com aliadosLula lidera intenções de voto para 2018; Bolsonaro fica em 2ºMarina anuncia pré-candidatura à PresidênciaTrump deve participar de Cúpula das Américas no Peru em abril, diz Casa Branca Especialistas debatem: o Brasil pode eleger um Trump em 2018?Os métodos da Cambridge consistem em processar uma quantidade enorme de dados e informações que circulam nas redes para definir perfis de eleitores. É possível mapear grupos por desejos e sentimentos, e não apenas por regiões ou faixas etárias. Nos Estados Unidos, a Cambridge dizia ser capaz de ler a mente dos cerca de 200 milhões de americanos.
A Cambridge levou para a política a estratégia usada por empresas: o microtargeting. A ideia de produzir discursos eleitorais "on demand", porém, provocou um debate nos Estados Unidos sobre os dilemas éticos envolvidos na estratégia, como a possibilidade de manipular discursos para grupos específicos.
Nos Estados Unidos, a eleição de Trump virou motivo de investigação, pelo FBI, de interferência russa no resultado do pleito por meio da compra de publicidade em redes sociais e disseminação de notícias falsas favoráveis ao candidato republicano.
Franquia
O publicitário André Torretta, de 52 anos, é dono da Ponte Estratégia, a consultoria que abriu no País a franquia da Cambridge Analytica. Com experiência em marketing político brasileiro, Torretta refuta a acusação de manipulação de informações nas eleições americanas. Ele disse que a Cambridge não tem tecnologia nova, mas "metodologia" diferente.
"A gente usa o que já existe. Se você tiver um banco de dados comportamental, pode usá-lo.
Segundo Torretta, o método da empresa britânica será "tropicalizado". "Não temos banco de dados no Brasil para fazer microtargeting por pessoa, como nos Estados Unidos", afirmou. "Mas, se eu tenho uma comunicação endereçada, por que eu não endereço?"
O publicitário afirmou que um candidato a presidente em 2018 deverá desembolsar ao menos R$ 30 milhões com "impulsionamento" nas redes sociais - compra de mídia em redes e aplicativos de conversas. É um valor bem menor se comparado aos gastos que os candidatos tinham ao produzir programas para televisão durante as campanhas nacionais. Ele não revelou com quais presidenciáveis está negociando para a eleição do próximo ano.
Torretta disse também que cabe às autoridades combaterem a disseminação de fake news nas redes sociais durante a eleição. "O risco de fake news será total em 2018.