BRASÍLIA - Em seminário em Brasília sobre "ativismo judiciário", o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que juízes se deixam influenciar pela mídia ao decidir e deixam a lei de lado. Responsável por decisões que retiraram da prisão preventiva uma série de investigados nos desdobramentos da Lava Jato no Rio de Janeiro, Mendes afirmou que "quem decide habeas corpus tem que nadar contra a corrente em determinados momentos".
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Pela terceira vez, Gilmar Mendes manda soltar empresário Jacob Barata FilhoNão podemos substituir políticos por funcionários públicos, diz Gilmar MendesDecisão de Gilmar que soltou empresário 'encontra-se eivada de nulidade', diz PGRRaquel diz que deve se manifestar 'em breve' sobre impedimento de Gilmar MendesCorrupção é causa de 70% das ações no STF e STJ envolvendo autoridades com foroPrisão em 2º grau no contexto da Lava-Jato tornou-se algo dispensável, diz MendesO ministro afirmou que, ao fazer-se a defesa de direitos de forma conservadora, está-se "protegendo aquele indivíduo que nos apedreja". Segundo ele, "quando se cria Estado autoritário, com excesso de prisão preventiva, se esquece que a próxima vez será daquela pessoa".
"Temos que atender a imprensa. O que ela espera de nós. Isso também é uma forma de ativismo. Eu saio da lei e deixo de adotar esses critérios.
"Nadar contra a corrente não é apenas uma sina nossa, é nosso dever. Se nós estivermos sendo muito aplaudidos porque estamos prendendo muito ou negamos habeas corpus, desconfiemos. Nós não estamos fazendo bem o nosso job (trabalho)", afirmou.
Opinião
Gilmar Mendes afirmou, também, que "quem muda de opinião de acordo com o interlocutor obviamente não será um bom juiz". Em outubro, um colega de Mendes no Supremo, o ministro Luís Roberto Barroso, afirmou a ele que "vossa excelência vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu".
Sobre o tema do "ativismo judiciário", discussão central do evento, Gilmar Mendes afirmou que "há um erro de conceito quando se imagina que o ativismo é sempre uma mensagem de vanguarda".
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