O prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), grande homenageado da cerimônia do Grande Colar do Mérito Legislativo da Câmara Municipal de Belo Horizonte, diferentemente da forma como costuma se apresentar, discursou em tom menos incisivo na noite desta quinta-feira, mas não deixou de alfinetar petistas. Sem citar nominalmente o partido, o tucano afirmou que o próximo ano é essencial para mudanças no país, mas essas devem vir "sem a cor vermelha".
"Em 2018 será um ano de recuperação dos valores brasileiros, através das eleições que se aproximam. Na renovação das casas legislativas, câmara federal, Senado federal e da Presidência da República (...) valorizem a essência do nosso país. Essência que não tem a cor vermelha, essência que tem a cor verde e amarela. Essa também é a bandeira de Minas", afirmou durante a cerimônia. Outras 37pessoas foram agraciadas com a honraria.
Em relação a desistência de Ciro Gomes, também homenageado, mas que acabou não comparecendo a cerimônia, Dória afirmou que seria “importante” a presença dele, mas preferiu não comentar.
João Dória ainda voltou a dizer que Alckmin, seu principal fiador na campanha para a prefeitura de São Paulo, é um nome “equilibrado” para comandar o partido, no lugar do senador Aécio Neves (PSDB), que vai deixar a comando da legenda.
Já o presidente da Câmara de BH, vereador Henrique Braga (PSDB), afirmou que a escolha de Dória se deu após a desistência de Maria Lisboa, filha de Alaíde Lisboa, primeira vereadora eleita na capital.
“A gente tem que convidar alguém que tem o mesmo linguajar que a gente. Aquele que sempre no dia a dia tem mostrado interesse muito grande em ajudar a população, principalmente os moradores de rua, sem os abandonar, mas colocando eles com seus devidos empregos”, afirmou.
Polêmica
A presença de Dória, contudo, causou polêmica na Casa. A bancada do PT e PCdoB não participaram da sessão. O PSOL já não participaria devido a outra agenda, mas endossou o "repúdio" a escolha do tucano paulista.
Em nota conjunta, os vereadores Pedro Patrus e Arnaldo Godoy – ambos do PT -, afirmaram que foram surpreendidos “É um absurdo usar uma homenagem, que é a maior comenda da Câmara Municipal, representando o povo de Belo Horizonte, para homenagear e fazer palanque para um político que não tem qualquer empatia com nossa cidade e nem com sua população”, afirmam os vereadores.
Já o vereador Gilson Reis (PCdoB) afirmou que desistiu da participação por entender que a Casa tem dados, principalmente nos últimos, sinais de descompromisso com a diversidade na cidade e, por isso, decidiu endossar o movimento.
“A situação, já constrangedora, foi agravada pela infeliz escolha do atual prefeito de São Paulo, como seu substituto, transformando a solenidade parte da turnê que o mesmo vem realizando pelo País, e que tem feito o povo paulistano perceber a cidade desgovernada, dada sua frequente ausência naquela cidade”, afirmou em nota.
Receberam a honraria o presidente do Tribunal de Contas de Minas Gerais (TCE-MG), Claúdio Couto Terrão, o vice-prefeito Paulo Lamac (Rede), o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador José Edgard Penna Amorim Pereira, além de pastores, padres e empresários.
O grande homenageado do Grande Colar do Mérito neste ano foi Cyr Assumpção. Ele foi o primeiro presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte no período da redemocratização, em 1947. A gestão dele completa 70 anos em 2017.