Brasília, 11 - O governo viu com satisfação o discurso inaugural do governador paulista, Geraldo Alckmin, que no sábado, 9, assumiu o comando do PSDB com acenos de reconhecimento ao governo Michel Temer. Alckmin disse que o partido apoia e participa da agenda de reformas do peemedebista e assegurou ser pessoalmente a favor de que o partido imponha a seus parlamentares voto favorável à reforma da Previdência. Uma declaração simbólica, porque a executiva tucana não cogita punir quem votar contra. Contas levadas ao governo por tucanos indicam que o apoio pode chegar a 35 de um total de 47 deputados, mas atualmente está na casa dos 20 votos.
Apesar da boa recepção no Palácio do Planalto ao discurso do governador, ministros e assessores de Temer dizem que as conversas estão longe de chegar a um acordo eleitoral de apoio do governo ao tucano em 2018. A fala de Alckmin, que se opunha à participação do PSDB com cargos no governo, tem como pano de fundo a intenção de abrir uma janela de conversas que ele mesmo quase cerrou para aliança eleitoral no ano que vem.
Um auxiliar do presidente diz que Temer sempre manteve diálogo com o governador. Tucanos muito próximos a Alckmin acompanharam as últimas agendas de Temer com empresários em São Paulo.
Nem o governo nem o PSDB descartam caminhar juntos, mas o Planalto continua tendo como prioridade unir o bloco governista com PMDB, DEM, PP, PR, PSD, PRB e PTB em torno de uma candidatura própria que defenda o legado de Temer. Os nomes mais fortes hoje são o do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD) e o do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O raciocínio de ministros e assessores de Temer tenta explorar um chamado à coerência do PSDB. Dizem que se faltar voto para aprovação o PSDB terá culpa e deputados podem ser os novos Kandir, em referência ao ex-deputado que votou contra a idade mínima sugerida pelo governo FHC, em 1998. Argumentam que o partido que sempre defendeu a reforma da Previdência, fundamental para o equilíbrio fiscal, e que Alckmin será cobrado nos debates durante a campanha de 2018 por eleitores e empresários se o partido não for amplamente favorável ao tema. Por isso, interpretam que Alckmin age pensando em si mesmo, apesar de suas palavras soarem agora convenientes aos interesses do bloco governista.
(Felipe Frazão e Carla Araújo)