O governo do presidente Michel Temer (PMDB) e seus aliados bateram cabeça, nesta quarta-feira, nas negociações para votar a reforma da Previdência no Congresso. A discórdia começou com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), afirmando que a votação para as mudanças nas regras para a aposentadoria ficaria para fevereiro, na volta do recesso parlamentar.
Leia Mais
Para aprovar reforma da Previdência governo promete liberar mais verbas Rodrigo Maia diz que não se decidiu sobre adiamento da reforma da PrevidênciaPlanalto: Temer espera para esta quinta leitura de emenda sobre PrevidênciaJucá: 'Está conversado com Maia e Eunício que Previdência fica para fevereiro'Temer perde "o prazo" para aprovar reforma da Previdência"Jamais vamos desistir da Previdência", diz Temer sobre a reformaMeirelles pinta o caos se reforma da Previdência não for aprovadaQuem defender reformas não terá como se dissociar da minha gestão, diz TemerReforma da Previdência: Governo se prepara para a 1ª batalha de 2018Temer diz que adiamento da reforma da Previdência foi ''ótimo''Rodrigo Maia marca votação da reforma da Previdência para 19 de fevereiro"A reforma da Previdência é crucial", avalia ex-presidente do Banco Central Armínio FragaMeirelles diz que ainda não é decisão fechada deixar reforma para fevereiro"Acordo, que acordo?", teria perguntado o presidente ao ser informado da declaração de Jucá. O senador peemedebista disse, nesta quarta-feira, que o adiamento da votação aconteceu após acordo entre os presidentes do Senado, senador Eunício Oliveira (PMDB), e da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM), e o Palácio do Planalto.
O vice- líder do governo na Câmara, deputado Beto Mansur (PRB) também foi pego de surpresa. "Isso é uma sacanagem com o Michel", declarou Mansur.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também reagiu á declração de Jucá. Meirelles disse que a opinião de Jucá é válida e tem de ser respeitada, pela experiência que o senador tem como parlamentar, "mas evidentemente que ele não está na Câmara" e que Jucá não conversou com Temer nem com lideranças da Câmara.
O presidente da Câmara, por sua vez, disse que não teve acordo sobre a a votação da reforma da Previdência. Ao contrário, disse ele, que sustentou que combinou com Temer conversar sobre o assunto com Temer entre hoje e esta quinta-feira (14). Mas não sabia se isso iria acontecer em função da viagem do presidente a São Paulo.
Dificuldades
O governo tem encontrado dificuldades para fechar acordo entre aliados para a votação da reforma da Previdência.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira, não se pronunciou nesta quarta-feira sobre a o imbróglio criado pelo Planalto e seus aliados.
Na última quarta-feira, em entrevista no Senado, ele lembrou que a PEC da Previdência (PEC 287/2016) ainda não foi votada na Câmara dos Deputados.
E, por isso, não é possível prever uma tramitação no Senado, onde a PEC precisa passar por comissões temáticas e por dois turnos de votação em plenário. Também na semana passada, Eunício Oliveira negou que tenha garantido ao presidente Michel Temer que colocaria em votação a reforma da Previdência antes do fim do ano caso ela fosse aprovada pela Câmara.
Mudança na Previdência significa alteração na Constituição
· Para ser aprovada precisa de dois terços dos votos na Câmara ( 308 deputados) e no Senado (54 senadores)
· O governo tem encontrado dificuldades para reunir esse quórum
· Parlamentares temem aprovar a mudança com a proximidade das eleições de 2018
· Diante da resistência da base aliada, o governo, que tem maioria na Câmara e no Senado, resolveu ceder
· Reduziu as mudanças nas regras para aposentadoria
Confira as principais mudanças
Idade mínima de aposentadoria, com regra de transição até 2042
aumenta a idade mínima para aposentadoria em um ano a cada dois anos
62 anos para mulheres e 65 para homens (INSS e servidores)
60 anos para professores de ambos os sexos
55 anos para policiais e trabalhadores em condições prejudiciais à saúde
Pessoas com deficiência ( não há idade mínima)
· Tempo mínimo de contribuição de 15 anos para segurados do INSS
· Tempo mínimo de 25 anos para servidores públicos
· Cálculo do valor da aposentadoria, começando de 60% para 15 anos de contribuição até 100% para 40 anos de contribuição
· Trabalhadores rurais (pequenos agricultores) ficaram de fora da nova proposta da reforma. Permanece regra atual de aposentadoria por idade aos 55 anos no caso das mulheres e 60 anos para os homens, e tempo mínimo de 15 anos de contribuição
Benefício da Prestação Continuada (ajuda paga pelo governo a idosos em situação de extrema pobreza e pessoas com deficiência) continua vinculado ao salário mínimo.
Pensão por morte
- Mantém o limite de dois salários mínimos para quem acumular benefícios de pensão por morte e aposentadoria.
- Deixa de ser integral, passando a 50% do valor do benefício do segurado falecido mais 10% por dependente (incluindo a viúva ou viúvo)