O presidente da República, Michel Temer, disse ontem que o adiamento da votação da reforma da Previdência para 19 de fevereiro foi “ótimo”, porque a matéria é “difícil” e os deputados vão perceber, durante o recesso, que não há “oposição feroz” quanto ao tema. Segundo ele, boa parte da população confia na Previdência, e o governo conta com a “compreensão oculta” dos líderes da oposição. O tema foi alvo também do recém-empossado ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, que garantir não ter o governo qualquer compromisso de atender a novos pedidos de flexibilização na proposta.
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Temer diz que adiamento da reforma da Previdência foi ''ótimo''Novo ministro nega flexibilização no texto da reforma da PrevidênciaCom o fim do recesso parlamentar, reforma da Previdência entra na ordem do diaDe acordo com Temer, não será aceita mudança na espinha dorsal da reforma, segundo ele “o fim dos privilégios”. “Acho que temos a compreensão, ainda que oculta, dos líderes da oposição.
Ele também tentou convencer os deputados a conversar com seus eleitores nos estados durante o recesso parlamentar, que se inicia na próxima semana. Temer disse que o governo está fazendo uma campanha e contando votos para chegar aos 308 necessários para aprovar a proposta de emenda à constituição que muda as regras de aposentadoria.
“Nós estamos empenhados. ‘Ah, vai ficar para fevereiro’. Ótimo.
Na avaliação do presidente, em janeiro os parlamentares terão tempo enquanto estiverem em suas bases para verificar que não há “oposição feroz” em relação à Previdência. “Portanto, voltarão, penso eu, muito mais animados para votar a reforma em fevereiro.”
Temer presidiu a cerimônia de transição na Secretaria de Governo, entre o ex-ministro Antônio Imbassahy (PSDB-BA), a quem o presidente agradeceu, e o novo titular, Carlos Marun (PMDB-MS). O presidente afirmou que Marun será um gigante a favor da reforma. Ele pediu que o novo ministro dedique dia e noite, até 20 horas por dia, no assunto.
Coisinha mínima O presidente citou as oscilações no mercado financeiro por causa dos sinais de andamento ou retrocesso na tramitação da reforma e afirmou que confia na seriedade e rigidez do Congresso Nacional para aprovar as mudanças nas regras de aposentadoria. “Toda vez que há uma coisinha mínima, acham que a Previdência não será aprovada, a bolsa cai”, afirmou. “A confiança hoje está muito conectada à reforma da Previdência. Eu vejo hoje que há certo desalento, a ideia de que vai dar tudo errado, pode ser que os juros subam, que a inflação volte, que a economia não prospere. Digo aqui em alto e bom som: Nós vamos aprovar a Previdência no Congresso, não temos dúvida disso.”
Temer afirmou que o governo vai levar a reforma da Previdência até o final e completar o ciclo reformista com a simplificação tributária. Ele repetiu os argumentos de que a reforma não prejudica os mais pobres e acaba com privilégios.
Carlos Marun reforçou o apelo ao tempo do recesso parlamentar, visto por muitos como dificultador ao trabalho de angariar votos para aprovar a proposta, “pode ter efeito diferente”. Segundo ele, muitos parlamentares retornarão às suas bases e poderão “receber apelo” pela aprovação da reforma, já que na visão do governo o apoio da população está crescendo..