Rio, 18 - Ex-mulher de Sérgio Cabral Filho (PMDB), Susana Neves, acusada de receber dinheiro do suposto esquema de corrupção que seria chefia pelo ex-marido, disse que confiava nele e declarou que o que lhe interessava "era receber a pensão". O operador e delator de Cabral, Carlos Miranda, disse que Susana já chegou a receber R$ 100 mil mensais dos recursos ilegais do ex-governador.
Ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, Susana admitiu que recebia uma mesada de R$ 20 mil a R$ 25 mil em espécie por mês. A quantia "já chegou a R$ 40 mil", afirmou, "em determinado momento". Susana casou com Cabral em 1986. Eles se separaram em 1996 e têm três filhos, entre eles o deputado federal Marco Antônio Cabral (PMDB-RJ).
O Ministério Público Federal (MPF) alega que Susana tinha uma empresa de fachada, a Araras Empreendimentos. A Araras recebeu 31 depósitos bancários da empresa Survey Mar e Serviços Ltda, de R$ 1,2 milhão ao todo. A Survey é ligada a Flávio Werneck, dono da FW Engenharia, acusada de dar aparência lícita ao pagamento de R$ 1,7 milhão em propina do esquema de Cabral.
"Ele me entregava R$ 20 mil a R$ 25 mil por mês, e já chegou a R$ 40 mil, sempre em espécie. Num determinado momento, ele disse que tinha feito um negócio e que o dinheiro seria depositado na conta da Araras.
Susana disse que, com 21 anos separados, e embora Cabral "tenha sido um bom pai, sempre presente", a relação dos dois se "limitava a falar sobre os meninos", "nas poucas vezes que se encontram".
"Não tinha motivo nenhum para desconfiar do Sérgio, ele tinha uma vida boa pública, tinha casa fora, jet ski, filhos estudando em escola bilíngue, era um governador muito bem avaliado", afirmou.
A reportagem não conseguiu ouvir Werneck.
(Constança Rezende).