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Estado de Minas

Políticos "intocáveis" passarão festas de fim de ano atrás das grades

Políticos do mais alto status do poder, empreiteiros e ex-executivos vão passar o Natal e o réveillon na cadeia


postado em 24/12/2017 06:00 / atualizado em 24/12/2017 07:43

Palocci, Cabral, Geddel, Cunha, Joesley e Vaccari: para alguns, será o segundo ano consecutivo longe da família durante as festas(foto: Reproducao da Internet/)
Palocci, Cabral, Geddel, Cunha, Joesley e Vaccari: para alguns, será o segundo ano consecutivo longe da família durante as festas (foto: Reproducao da Internet/)

Uma cena impensável até outro dia, e para perplexidade geral, marca o país na proximidade das festas de mais uma passagem de ano. Políticos, ex-ministros, empreiteiros, doleiros, gestores públicos, ex-dirigentes da Petrobras, todos fisgados pela Lava-Jato, continuam atrás das grades.

São quadros históricos de Brasília, nomes até então tido como intocáveis, que caíram na malha fina da grande investigação Muitos já estão condenados, pegaram penas severas, outros estão prestes a receber o veredicto.

Integram esse rol o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB); dois ex-presidentes da Câmara, Eduardo Cunha e Henrique Alves, e o ex-ministro Geddel Vieira Lima – os três também peemedebistas; o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine; o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto; o ex-ministro petista Antonio Palocci; ex-diretores e gerentes da estatal petrolífera, como Jorge Zelada e Renato Duque; o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS; ex-deputados, como André Vargas (ex-PT-PR), ex-senadores, como Gim Argello (PTB-DF). E por aí vai. A lista é extensa.

Na sexta-feira passada Paulo Maluf (PPS-SP) reforçou o time. Emblemático nome da política, condenado a 7 anos, 9 meses e 10 dias por lavagem de dinheiro que teria desviado dos cofres públicos quando exerceu o mandato de prefeito de São Paulo, ele acaba de entrar na Papuda, onde já estão o ex-senador Luiz Estevão, quase 30 anos de pena por desvios de dinheiro das obras do Fórum Trabalhista de São Paulo, e o ex-ministro Geddel, o homem do famoso bunker de R$ 51 milhões em dinheiro vivo.

Capturado em abril de 2015, Vaccari Neto vai passar o seu terceiro Natal atrás das grades, no Complexo Médico Penal de Pinhais, arredores de Curitiba, base e origem da Lava-Jato. Outros estão recolhidos há menos tempo, caso de Palocci, preso em setembro de 2016, na Omertà.

Um mês depois, passou a fazer companhia ao grupo Eduardo Cunha. Mais um mês adiante, novembro de 2016, foi a vez de Sérgio Cabral, que governou o Rio por oito anos sucessivos e agora já acumula penas de 87 anos de cadeia – a ele impostas pelos juízes federais Sérgio Moro e Marcelo Bretas. Assim, Cunha e Cabral – o primeiro na cadeia de Curitiba, o outro no Rio – experimentam o segundo Natal confinados.

Na Custódia da Polícia Federal em São Paulo estão os irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS/J&F. Chegaram em setembro. Ricardo Saud, executivo do grupo, também vai passar o Natal e a virada para 2018 na cadeia, mas no caso dele em Brasília.

Muitos já passaram por lá, mas, graças a decisões judiciais – a maioria pelas mãos do ministro Gilmar Mendes, do Supremo –, conseguiram sair da prisão ou pegaram regime domiciliar. É o caso dos ex-governadores Garotinho e Rosinha, do ‘Rei do Ônibus’ Jacob Barata Filho, do ex-bilionário Eike Batista, e da mulher de Sérgio Cabral, Adriana.

No último dia 19, o empreiteiro Marcelo Odebrecht – depois de quase mil dias recolhido – deixou o Complexo de Pinhais. Preso em 19 de junho de 2015, ele passou dois réveillons atrás das grades. Agora, vai ficar em casa os próximos dois anos e meio, com tornozeleira eletrônica. Faz parte do acordo de delação premiada que fez.

Assim como Palocci e Léo Pinheiro, Odebrecht confessou ter cometido crimes. A maior parte dos outros encarcerados nega.

Indulto

Um dia depois da publicação do decreto que aliviou as regras para o perdão da pena de condenados por crimes cometidos sem violência ou ameaça, como corrupção e lavagem de dinheiro, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse que a decisão do presidente Michel Temer é impessoal e não prejudica a Lava-Jato. A fala é em resposta ao coordenador da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, que afirmou que a medida “é um feirão de Natal para corruptos”. O decreto reduz para um quinto o tempo de cumprimento da pena para que o preso possa receber o benefício, independentemente do tamanho dela. Em 2016, somente os sentenciados a no máximo 12 anos e que já tivessem cumprido um quarto da pena, foram beneficiados.

 

 


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