São Paulo, 02 - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que o governador Geraldo Alckmin ainda precisa provar ser capaz de aglutinar o centro do espectro político e de transmitir uma mensagem aos brasileiros para se viabilizar como candidato do PSDB e de seus aliados ao Palácio do Planalto neste ano.
FHC foi enfático ao defender Alckmin, mas avaliou que, caso ele não cumpra essas tarefas, os tucanos podem apoiar outro nome para evitar a fragmentação do centro, hoje reunido em torno das bandeiras do governo. Se houver alguém com mais capacidade de juntar, que prove essa capacidade e que tenha princípios próximos aos nossos, temos que apoiar essa pessoa.
A seguir os principais pontos da entrevista:
O senhor tem algum temor em relação a 2018? Está entre os pessimistas ou otimistas?
Tenho, mas estou no intermediário. Do ponto de vista econômico, estamos começando a ter um bom momento no mundo. O mundo conta sempre. Há o momento em que o ciclo é ascendente. Isso ajuda. Nós aqui demos alguns sinais de melhoria.
O sr. inclui o ex-presidente Lula nesta lista de demagogos?
O Lula mesmo se declarou uma metamorfose ambulante.
O sr. acha possível em 2018 termos uma candidatura do Planalto e outra do PSDB, com outros partidos apoiando Alckmin?
É possível, mas não desejável. Chegamos em um ponto em que é preciso unir, colar. Está tudo muito desagregado.
Qual é a mensagem?
Esse é o ponto. O partido que tiver uma mensagem que pegue no povo. Não é tanto a mensagem, mas como ela é emitida. No nosso caso, o que é necessário é ter um novo sentimento de coesão nacional. Não dá para levar um País de 200 milhões de habitantes na base de fracionar e destilar uma situação de radicalização, como aparentemente está se formando. Quem tiver uma mensagem mais abrangente tem mais chance.
O sr. disse que o pior cenário seria o centro se fragmentar. Se chegar lá na frente e não acontecer um acordo, se o governo insistir em lançar um candidato, qual deve ser a posição do PSDB: manter uma candidatura que mantenha esses valores ou sucumbir e apoiar outra?
Tem que manter a candidatura, mas tem que ter efeito no voto.
Viabilidade eleitoral?
Isso. Se não vai para a academia. Quem entra na política sai da área de conforto. Tem que ter capacidade de juntar pessoas com opiniões diferentes. Se houver alguém com mais capacidade de juntar, que prove essa capacidade e que tenha princípios próximos aos nossos, tem que apoiar essa pessoa. Não vejo quem seja.
Então não necessariamente o candidato do centro tem que ser do PSDB?
Tem que ter um. Espero que esse (candidato) tenha capacidade de aglutinar. Se houver outro que aglutine, vai fazer o quê? Veja o que houve no Rio: ficou entre (Marcelo) Crivella (atual prefeito pelo PRB) e (Marcelo) Freixo (deputado estadual pelo PSOL que perdeu para Crivella na disputa municipal).
(Alberto Bombig e Pedro Venceslau).