O novo Plano Diretor e a auditoria no transporte público de Belo Horizonte são os dois temas mais espinhosos a serem debatidos na Câmara Municipal em 2018. Em ano que quase metade dos vereadores tentará mudar de cargo – pelo menos 20 parlamentares, dos 41, devem tentar uma cadeira na Assembleia Legislativa ou na Câmara dos Deputados –, as discussões sobre regras para construções e uso do espaço urbano na capital mineira prometem embates entre movimentos sociais, o setor imobiliário e a prefeitura nos próximos meses, quando um projeto substitutivo do Plano Diretor chegará à Câmara.
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Câmara de BH aprova proibição do uso de substantivo no masculino para se referir a mulheresDoria recebe homenagem da Câmara de BH e diz que Brasil precisa de mudança 'sem a cor vermelha'Câmara de BH aprova Orçamento de 2018 e corta recurso para políticas LGBT Vereadores de BH batem boca em discussão sobre projeto que regulamenta aplicativo de transporteCâmara de BH vota reajuste de 10% para servidores da CasaEm fevereiro, a Secretaria Municipal de Políticas Urbanas vai liberar um projeto substitutivo relativo ao Plano Diretor para ser apresentado na Câmara. De acordo com a secretária de Políticas Urbanas, Maria Fernandes Caldas, as diretrizes aprovadas durante a 4ª Conferência serão mantidas no texto enviado aos vereadores. “Todo o trabalho e todas as discussões de mais de um ano não podem ser perdidos. Por isso, não vamos alterar o que foi decidido lá atrás”, explicou Maria Caldas.
“O projeto ficou parado desde outubro de 2015 e poderia ter sido votado desde então sem qualquer impedimento.
Uma das propostas mais importantes do novo plano é estabelecer o mesmo coeficiente de aproveitamento do terreno para toda a cidade. Dessa forma, será permitido construir em cada lote uma edificação com área igual à área total do terreno. A regra desagrada ao mercado da construção civil, que antes tinha maior liberdade para construções de prédios em determinadas áreas.
“Hoje, em um terreno você pode construir uma vez a área do terreno, em outro você pode construir cinco vezes.
A manutenção das propostas aprovadas na 4º Conferência de Políticas Urbanas é vista como ponto positivo pelos movimentos sociais, que temiam alterações no projeto substitutivo em favor do setor imobiliário. No entanto, a forma como o debate será feito na Câmara é motivo de receio por algumas lideranças que acompanham as discussões sobre habitação e políticas urbanas em Belo Horizonte.
“Ainda não sabemos como será esse projeto. Desde o ano passado esperamos uma definição do prefeito Kalil e tomamos uma rasteira, sem saber o que será feito. Mas manter as medidas aprovadas nas conferências é importante, pois houve avanços. O ponto central do planejamento urbano é buscar uma cidade com justiça social. E até hoje BH não tem um coeficiente para toda a cidade.
Ednéia participou de todas as conferências de políticas urbanas da cidade e cobra uma atenção maior para a infraestrutura nas áreas mais carentes da capital. “É preciso entender que as favelas e periferias fazem parte da cidade e precisam de investimentos em saneamento. Caso contrário, teremos enxurradas e inundações que prejudicam toda a cidade. Esperamos que os vereadores compreendam isso ao votar o plano e não levem em conta ameaças de empresários do setor imobiliário que patrocinam campanhas eleitorais”, alerta.
Passagens de ônibus na mira
A auditoria no sistema de transporte público da capital mineira também vai agitar a Câmara Municipal nos primeiros meses de 2018. O tema foi um dos principais embates da campanha eleitoral de 2016, e, ao assumir a prefeitura, Kalil se comprometeu a convocar movimentos sociais e os vereadores para participar de todo o processo.
Com o novo edital publicado pela Prefeitura de BH, as empresas interessadas em fazer o levantamento terão até 19 de fevereiro para apresentar suas propostas. Desde o fim do ano passado, quando o prefeito impediu o reajuste das passagens, o tema foi parar na Justiça, com as empresas de ônibus pedindo liminares para aumentar o valor do tíquete. Os pedidos foram negados.
Líder de governo na Câmara, o vereador Léo Burguês (PSL) espera que o novo edital avance este ano e as informações sobre as empresas de ônibus que operam na cidade estejam disponíveis para a população. “O prefeito mantém o posicionamento de vetar qualquer aumento até que essa auditoria seja concluída. E não tem qualquer possibilidade de redução no número de ônibus rodando como retaliação das empresas. Isso seria ilegal”, afirma Burguês.
Na Câmara, o tema foi motivo de pressão por parte de vereadores que são contra o reajuste das passagens.
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