O presidente Michel Temer corre contra o tempo para solucionar todas as pendências e aliviar a pressão sobre o governo. Sem ainda ter os 308 votos necessários para aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, o chefe do Executivo Federal convocou ontem uma reunião interministerial para estabelecer as próximas estratégias a fim de garantir quórum para assegurar a admissibilidade da proposta que atualiza as regras para aposentadoria. Participaram do encontro os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, do Planejamento, Dyogo Oliveira, da Secretaria-Geral, Moreira Franco, e da Secretaria de Governo, Carlos Marun.
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'Aliado de peso para reforma da Previdência', diz Moreira sobre Silvio SantosRodrigo Maia diz que Meirelles deveria apresentar agenda pós-PrevidênciaAmbiente é favorável à aprovação da reforma da Previdência, diz André MouraMaia e Meirelles ''brigam'' pelo título de "pai" da reforma da PrevidênciaApós 4 anos, Davos terá presença de um presidente brasileiroCom a postura adotada, não apenas evitou o conflito de egos entre o chefe da Fazenda e Maia, que pleiteiam o posto de candidato do governo às eleições, como também reforçou a imprescindibilidade da aprovação da reforma da Previdência. Interlocutores de Temer afirmam que o presidente temia que a flexibilização da “regra de ouro” passasse aos mercados e aos próprios parlamentares a sinalização de que a reforma não é mais tão necessária.
“E definitivamente não é isso o que ele quer. A reforma é importante para reforçar a recuperação dos investimentos e a geração de empregos”, sustentou um interlocutor. O crescimento econômico, por sinal, é um trunfo que o governo pretende adotar para as eleições. Desatado o nó em torno da “regra de ouro”, o governo, agora, reforçará as articulações com os parlamentares.
Determinação
Ainda ontem, Marun conversou com o deputado André Moura (PSC-SE), líder do governo no Congresso Nacional.
O governo pretende continuar no trabalho de convencimento para não precisar ceder em novas concessões à reforma. Entre os aliados, há quem defenda uma flexibilização nos requisitos para que os servidores públicos que entraram no funcionalismo até dezembro de 2003 possam se aposentar com o último salário e reajustes iguais aos da ativa.
Embora os sindicalistas cobrem mais essa atualização no texto, técnicos e auxiliares do Executivo estão otimistas de que não será necessário deixar o texto menos rígido. Para Marun, não há necessidade de se colocar uma nova regra de transição.
Para os próximos dias, o governo também deve promover articulações para pedir que os líderes orientem as bancadas a derrubar o veto de Temer ao programa de refinanciamento de dívidas (Refis) das micro e pequenas empresas. O veto, publicado oficialmente ontem no Diário Oficial da União, incomodou o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que promete votá-lo ainda em fevereiro. O peemedebista teme que eventuais desgastes com os parlamentares afetem a votação da reforma da Previdência..