O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, disse nesta quarta-feira (10) que pretende concluir até o final deste ano as investigações da PF no âmbito dos inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), inclusive nos casos relacionados à Operação Lava-Jato e à apuração do suposto pagamento de propina da empresa Rodrimar para o presidente Michel Temer.
A Polícia Federal mais que dobrou a equipe da Lava-Jato que atua nos inquéritos envolvendo políticos no STF para tentar encerrar as investigações antes das eleições deste ano.
Segovia autorizou o nomeação de mais oito delegados, sete escrivães e 17 analistas para atuar no Grupo de Inquérito (GINQ) responsável pelas 273 investigações em andamento na Corte.
No STF tramitam os casos envolvendo políticos com foro por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado.
A ampliação da equipe da PF foi um dos assuntos tratados na manhã desta quarta durante a reunião de Segovia com a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. Os dois conversaram por cerca de uma hora e meia.
"Eram nove delegados conduzindo investigações junto ao STF e agora temos 17. Havia vários inquéritos que estão hoje aguardando laudos periciais e hoje praticamente o dobro da equipe de peritos.
A gente espera no menor prazo possível concluir essas investigações. Esperamos não só concluir os inquéritos no STF da Lava-Jato, mas também todas as outras investigações que correm", disse Segovia a jornalistas, depois do encontro com Cármen.
"A nossa meta é concluir todos os inquéritos hoje que já estão no STF até o final deste ano", reforçou Segovia, ressaltando que a prioridade são "todos os inquéritos do STF".
Indagado se a meta não era ambiciosa, Segovia respondeu: "A ambição é humana. É uma meta que a ministra Cármen Lúcia também quer, a doutora Raquel Dodge (procuradora-geral da República) também está imbuída nesse propósito, e acho que o Brasil merece ter uma resposta quanto a essas investigações."
Sobre o inquérito sobre Michel Temer, Segovia disse que aguarda as respostas do presidente às perguntas formuladas pela PF "para que seja tomado um novo passo na investigação".
O ex-assessor da vice-presidência da República Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) é citado 38 vezes nas 50 perguntas elaboradas pela Polícia Federal no âmbito do inquérito que apura suposto pagamento de propina da empresa Rodrimar para o presidente.
O inquérito, de relatoria do ministro Luís Roberto Barroso, apura se a Rodrimar, empresa que opera no Porto de Santos, foi beneficiada pelo decreto assinado pelo presidente em maio, que ampliou de 25 para 35 anos as concessões do setor, prorrogáveis por até 70 anos.