Brasília - O presidente Michel Temer diz acreditar que o eleitor brasileiro vai votar na "segurança e na serenidade" em outubro, o que não apenas ajuda a desenhar o perfil dos candidatos à Presidência com chances de vitória como leva a uma conclusão: "As pessoas estão cansadas de tudo isso (a confluência de crises) e vão querer a continuidade, a manutenção do nosso programa de governo, que está recuperando a economia e a tranquilidade. Ninguém quer aventura".
Em conversa no Palácio do Jaburu, residência oficial, Temer elogiou o governador Geraldo Alckmin (PSDB), admitiu preferir que o ministro Henrique Meirelles (PSD) continue na Fazenda a disputar a eleição e opinou que o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) tende a disputar a reeleição à Presidência da Câmara, mas "só tem a ganhar" ao se movimentar pela sucessão presidencial.
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Maia e Meirelles ''brigam'' pelo título de "pai" da reforma da PrevidênciaMaia trabalha para minar candidatura de MeirellesSe quiser ser candidato, Meirelles terá que trabalhar, diz Moreira FrancoTemer decide ir ao Sírio-Libanês para fazer o retorno também no cardiologista'Estou ótimo, embora toda hora queiram me matar', diz TemerAo se dizer "amigo do Geraldo há muitos anos", ele relatou que tem falado sempre com Alckmin e que ambos tinham até combinado voltar juntos do Fórum de Davos, na Suíça, no dia 25, mas o governador lembrou que é o dia do aniversário de São Paulo e ele não poderia se ausentar da festa.
Para Temer, é o oposto: é conveniente estar fora do País no dia 24, data em que está marcado o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Ele, porém, decidiu ir a Davos, entre os dias 22 e 25, porque deve integrar o seleto grupo de chefes de Estado e de governo com direito a discurso no Congress Hall, o auditório principal do fórum, com cerca de 1,5 mil lugares. Além do brasileiro, que vai falar da evolução e dos indicadores positivos da economia desde a crise de 2015 e 2106, devem discursar ali também o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e os líderes da Índia e, possivelmente, da Argentina.
"Será uma excelente chance para mostrar aos grandes investidores do mundo tudo o que estamos fazendo no Brasil", disse ele, que falou também sobre a pré-candidatura de Maia, que, aliás, vai assumir a Presidência enquanto ele estiver na Suíça.
"O Rodrigo está se movimentando muito, mas ainda acho que a prioridade dele é se reeleger para a Presidência da Câmara, que é um cargo excepcional. De qualquer forma, ele não tem nada a perder, só a ganhar.
Reforma
Para Temer, "a sucessão presidencial só começa a partir de março" e a prioridade é aprovar a reforma da Previdência na Câmara em 19 de fevereiro. Ao ser questionado se já tem os 308 votos necessários, a resposta é de pronto: "Ainda não, mas vamos ter".
Segundo ele, há sinais de que deputados antes refratários à proposta começam a se dizer mais flexíveis, por três motivos: a proposta final está enxuta, a população começa a entender a sua necessidade e os candidatos querem se livrar desse debate na campanha. Ele, porém, reclamou da Justiça, que suspende as propagandas do governo pró-reforma, mas não as das corporações contrárias a ela.
Outro argumento para deixar a eleição para março: "O ambiente ainda está muito confuso. Por exemplo: o MDB (seu partido) vai ter candidato? Um candidato próprio ou alguém que migre de outra sigla?" Esse poderia ser o caso de Meirelles, hoje filiado ao PSD. Temer elogiou "a inteligência e a capacidade política" do ministro, mas admitiu: "Ele seria um grande presidente, mas, para mim, é claro que é muito melhor que fique na Fazenda".
Outros dois ministros-chave do governo também não confirmaram se saem ou ficam: Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores) e Raul Jungmann (Defesa), que têm boas chances de ficar. Com um sorriso, Temer desmente as versões de que terá dificuldade para substituir os pelo menos 13 ministros que vão se desincompatibilizar para concorrer em outubro: "Você nem imagina! Todo mundo quer ser ministro!". .