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Estado de Minas

Reino Unido colaborou e foi conivente com tortura no Brasil

O pesquisador João Roberto Martins Filho é autor do livro que reconstitui as técnicas empregadas no país e, mais tarde, utilizadas por britânicos contra presos da Irlanda do Norte


postado em 14/01/2018 16:54 / atualizado em 14/01/2018 17:32

O Reino Unido não só colaborou com o sistema repressivo da ditadura militar no Brasil, no período compreendido entre 1964 e 1985, como também a sua diplomacia tinha conhecimento das técnicas de tortura utilizadas em presos políticos brasileiros, mais tarde também empregadas pelos britânicos contra presos políticos na Irlanda do Norte. Com a colaboração, o Reino Unido também viu oportunidade para melhorar as relações comerciais com o Brasil, com a venda de equipamentos como fragatas, helicópteros e mísseis.


A informação foi divulgada neste domingo, 14, em reportagem da Folha de S. Paulo.

 Uma carta enviada pelo então embaixador britânico no Brasil, David Hunt, ao Foreign Office, o Ministério das Relações Exteriores britânico, em 1972, encontrada nos arquivos da diplomacia inglesa, é uma das principais evidências citadas pelo livro "Segredos de Estado: O Governo Britânico e a Tortura no Brasil (1969-1976)" (Ed. Prismas), do pesquisador João Roberto Martins Filho, professor da UFSCar, que acaba de ser lançado.

 Em entrevista à Folha, Martins Filho sustenta que até a divulgação dessas evidências, havia relatos de empréstimo de técnicas britânicas de interrogatório ao Brasil, mas nada que detalhasse o que aconteceu. "Ninguém usava a palavra tortura, claro, mas a pesquisa prova que houve colaboração britânica com a tortura no Brasil", explicou Martins Filho.

Tortura - Segundo ele, métodos de tortura psicológica como obrigar os detidos a permanecer em pé contra a parede com os braços estendidos, a privação de sono, uso de ruído contínuo e monótono, além da geladeira (uma cela com temperaturas baixíssimas), foram usados em presos políticos no Brasil por influência britânica.

Toda a pesquisa de Martins Filho foi feita em sua passagem pelo King's College de Londres, quando, com base na lei de acesso à informação do Reino Unido, obteve documentos, além de depoimentos de presos torturados no Brasil e na Irlanda do Norte. O pesquisador faz a cronologia do emprego no Brasil de técnicas de interrogatório britânicas, as chamadas "cinco técnicas do Ulster", a partir de 1971 por pelo menos seis anos. Isso sigere que as técnicas foram empregadas no Brasil antes de serem usadas pelos britânicos na Irlanda do Norte.


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