A viagem aos Estados Unidos está fazendo muito bem às pretensões eleitorais do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Após evento ontem no Brazil Institute do Wilson Center, em Washington, o deputado admitiu que, se chegar aos 7% de intenção de voto — atualmente aparece com apenas 1% nas pesquisas de opinião —, poderá começar a pensar a concorrer ao Planalto em outubro. É uma régua bem mais generosa do que a imposta ao tucano Geraldo Alckmin, por exemplo, que deveria ter entre 10% a 15% para ser considerado viável pelos correligionários. “Hoje, não (sou candidato), eu tenho 1% nas pesquisas. No dia em que eu tiver 7%, as coisas melhoram muito”, afirmou ele.
Maia está bastante à vontade no figurino de pré-candidato. Internamente, o DEM mudou várias vezes a data da convenção para dar tempo de maturação do nome do parlamentar fluminense. Seria em dezembro, passou para janeiro, fevereiro e agora está marcada para o começo de março. “Esse prazo dá para consolidar a unidade interna da legenda e ajudar na construção de um nome próprio para sermos protagonistas nas eleições deste ano”, confirmou o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB).
A justificativa para a diferença de projeção entre DEM e PSDB é política. “Em primeiro lugar, o governador Alckmin tem um recall maior. Logo, é natural que eles desejem uma largada mais alta. Mas, em nossa análise, em um cenário fragmentado que aumentará ainda caso o ex-presidente Lula seja condenado, qualquer resultado acima de 5% é um ótimo ponto de partida”, completou Efraim.
Maia está desde sábado em um giro pelos Estados Unidos e pelo México. Ontem, voltou a defender a votação de reformas que permitam a reestruturação e o equilíbrio fiscal do Estado brasileiro. E que, a partir daí, seria possível pensar na criação de programas sociais sustentáveis.
O presidente da Câmara causou polêmica ao criticar o Bolsa Família, principal programa social federal. Para ele, acaba por criar dependência nos beneficiários. “Criar um programa para escravizar as pessoas não é um bom programa social. O programa bom é o que você inclui a pessoa e dá condições para que ela volte à sociedade e possa, com suas próprias pernas, conseguir um emprego”, completou.
Para Efraim, Maia tem mais uma vantagem — o fato de não precisar se desincompatibilizar do posto em abril para concorrer. “Ele terá tempo para analisar os cenários e contará, ao seu redor, com uma agenda política e legislativa que o fortalece”, completou o líder do DEM. Para outro cacique do partido, os polos (Lula e Bolsonaro) vão acabar se eliminando e o caminho, naturalmente, será pelo centro.
“Para mim, Rodrigo Maia é um nome que está sabendo aproveitar a oportunidade. Tem sido um presidente muito competente e se tornou avalista dessa recuperação econômica”, afirmou o dirigente partidário. Ainda assim, a aposta é pela espera. “Querer, o sujeito quer muita coisa. Mas é preciso saber se tenho condições e apoio. Pior coisa é ser um general sem tropa”, definiu o correligionário de Maia.