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Estado de Minas

Reforma da Previdência esbarra na contradição dos aliados de Temer

Ao contrário do presidente interino da Câmara, Fábio Ramalho, Carlos Marun garante que as mudanças na aposentadoria vão ser aprovadas em fevereiro e terão o apoio da população


postado em 19/01/2018 06:00 / atualizado em 19/01/2018 07:22

"Os parlamentares estão chegando e encontrando importantes segmentos e pessoas que perderam a timidez e começam a apoiar a reforma" - Carlos Marun, ministro da Secretaria de Governo (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

O esforço do governo do presidente Michel Temer (MDB) para votar a reforma da Previdência em fevereiro pode esbarrar na contradição entre os próprios aliados. Foi o que ocorreu em uma reunião nessa quinta-feira (18) na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), sobre o tema, que expôs as diferenças entre o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB-RS), e o presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Fábio Ramalho (MDB-MG). Enquanto o primeiro disse que a população está perdendo a “timidez” e passando a apoiar as mudanças propostas, o segundo disse exatamente o contrário.

Marun, que está viajando pelo país para conversar com parlamentares e representantes da sociedade civil sobre a reforma da Previdência, afirmou que o texto será aprovado e que hoje metade da população já aprova as mudanças nas regras da Previdência. “Ao contrário do que muitos pensaram, que os parlamentares iam chegar às bases bombardeados por uma rejeição enorme à reforma, eles estão chegando e encontrando importantes segmentos e pessoas que perderam a timidez e começam a apoiar a reforma”, disse.

Em entrevista na sequência, Fábio Ramalho afirmou que andou por pelo menos 60 municípios do fim do ano para cá e que todas as pessoas pedem para não votar o texto. “É porque, às vezes, as pessoas ficam nos palácios em Brasília. E Brasília é uma ilha da fantasia, pensam diferente. Você tem que ir ao chão, aos mercados, às ruas, aos parques, bares para sentir o que cada cidadão pensa. A reforma é necessária, mas tem que ser mais discutida com a sociedade”, disse.

Marum afirmou que continuará fazendo o trabalho de convencimento da necessidade de votação da reforma e irá, inclusive, no domingo, a um culto religioso para falar do tema a 60 mil pessoas. Segundo ele, a partir de fevereiro o foco serão os parlamentares. O ministro disse que o governo ainda não está fazendo conta para ver quantos votos favoráveis à reforma tem, mas garantiu que, em 19 de fevereiro, eles terão número suficiente.

Marun disse que o governo só trabalha com o plano de aprovação, mesmo com o cenário de eleições este ano. “O Parlamento brasileiro tem tido uma atitude determinada e corajosa, mesmo em momentos em que se estabelece o paradigma de que prejuízos eleitorais podem advir”, disse. O ministro não descartou que o governo libere mais emendas aos parlamentares antes da votação da reforma no Congresso, mas negou que essa seja uma estratégia para comprar votos.

O discurso, porém, não vale para Fábio Ramalho, que disse que vota contra o texto atual. O parlamentar disse que, se for fazer as mudanças na Previdência, o governo deve também fazer outras reformas, como a tributária. “O texto atual é muito tímido, vamos fazer uma pequena reforma agora para quem entrar no próximo governo ter de votar outra”, disse. Ramalho defendeu a mudança na cobrança de juros no Brasil e disse que o país é dos banqueiros. “Os bancos faturam milhões e não entram na reforma”, criticou.

ELEIÇÕES Marun disse que o grupo do presidente Michel Temer vai oferecer aos brasileiros uma candidatura de “lucidez” para contrapor o ex-presidente Lula e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). Segundo o ministro, o nome começará a ser decidido depois da aprovação da reforma da Previdência. “Vamos oferecer ao país um projeto de lucidez que se coloque entre as duas candidaturas que hoje estão postas: o Lula por um lado e o Bolsonaro por outro”, afirmou o ministro.

Como alternativas para representar o governo Temer, ele cogitou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e até o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), mesmo não sendo da base. “Esse projeto de reformas e modernização do Estado brasileiro vai ter uma candidatura e temos uma grande convicção de que esse candidato é quem vai ganhar as eleições”, disse.

Marun voltou a defender a manutenção do nome da deputada federal Cristiane Brasil (PTB/RJ) para ministra do Trabalho como uma questão de governabilidade. Segundo ele, seria mais fácil trocar a indicação, mas o Palácio do Planalto vai até o fim para tentar garantir a posse da filha do deputado federal Roberto Jefferson. Segundo ele, um país em que “qualquer juiz de primeira instância pode reformar uma decisão de um presidente da República não é governável”.

O ministro se refere à decisão do juiz da 4ª Vara Federal de Niterói, Leonardo da Costa Couceiro, que, na semana passada, suspendeu a posse da ministra, que já havia sido nomeada no Diário Oficial da União. Marun afirmou que a escolha para os cargos é “competência exclusiva” do presidente da República.

 


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