Porto Alegre, 22 - Em uma coletiva de imprensa improvisada no acampamento da Via Campesina em Porto Alegre, na tarde desta segunda-feira, 22, João Pedro Stédile, integrante da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), afirmou que na sua opinião, seria melhor Lula não participar dos atos em Porto Alegre. Para ele, a presença do ex-presidente poderia ser vista como provocação. Stédile criticou a postura do judiciário na condução do processo.
"Acho difícil ele vir, porque pode ser interpretado como uma provocação. Se ele me pedisse opinião eu diria que é melhor não vir", afirmou.
Stédile afirmou que quem está no banco dos réus é o judiciário.
"Não é o Lula que estará no banco dos réus em Porto Alegre, é o poder judiciário. Ele tem que dizer para o povo brasileiro se vai continuar seguindo a constitucionalidade e os ditames da lei ou se vai continuar fazendo sentenças de acordo com a vontade da burguesia brasileira", afirmou, tecendo também críticas à imprensa na cobertura do processo.
Stédile disse considerar três possíveis resultados do julgamento do recurso de Lula no caso do triplex do Guarujá pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), na quarta-feira, 24: manutenção da condenação em primeiro grau por unanimidade, condenação por dois votos a um ou absolvição por dois votos a um.
"Isso porque o voto do João Pedro Gebran, pelas declarações que ele fez extraprocesso, o que não é comum, já anunciam que ele está comprometido com a condenação, até porque ele tem amizade pessoal com o Moro. Existe aí uma promiscuidade entre eles, que não deveria existir, ficam fazendo elogios públicos um para o outro, não é assim que um juiz deve proceder nos processos, mas isso nos leva a crer que o João Pedro já tomou a decisão, os outros dois juízes ninguém sabe o que pode acontecer", comentou.
Em qualquer das três hipóteses, segundo o dirigente do MST, o futuro político de Lula já está definido: ele será candidato, independentemente do que for decidido na quarta-feira. "Quem dirá se os votos serão válidos ou não, posteriormente, será o TSE e não as instâncias penais", disse Stédile.
Marchezan
As alfinetadas de Stédile se estenderam também ao prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, a quem ele se referiu como "prefeitinho" ao comentar as medidas de segurança em torno das manifestações. Para Stédile, houve "muito exagero e muita firula" da parte do prefeito.
O dirigente do MST respondeu ainda sobre as declarações da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que repercutiram no fim de semana, as quais Stédile classificou como "desapropriadas", feitas "no calor dos debates".
Até o momento, cerca de 5 mil pessoas participam do acampamento montado no Anfiteatro Pôr-do-Sol, a poucas quadras do TRF-4.
(Taís Seibt, especial para a AE).