Porto Alegre – O acesso ao entorno do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) ficará restrito a partir das 12h de hoje, véspera do julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex do Guarujá (SP). A restrição no perímetro será por vias “aérea, terrestre e naval”, segundo o secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Cezar Schirmer. Os esclarecimentos em relação ao esquema de segurança, que envolve dezenas de órgãos municipais, estaduais e federais, foram divulgados ontem. Schirmer, no entanto, evitou qualquer detalhamento em relação aos custos e ao tamanho do efetivo envolvido na operação, dizendo apenas que as forças de segurança integradas terão o “efetivo necessário” para garantir a manifestação “dentro dos princípios constitucionais”.
Aeronaves farão o monitoramento do espaço aéreo e embarcações das forças de segurança já estão sendo posicionadas na orla do Rio Guaíba, nas imediações do TRF-4, para evitar qualquer tipo de acesso à zona restrita. Há, inclusive, a possibilidade de uso de aeronaves para o transporte dos desembargadores até a Corte, caso haja risco ou impedimento para o transporte rodoviário. Por via terrestre, a restrição ao perímetro do TRF-4 será demarcada por meio de gradis, além da presença de efetivo policial. Haverá apenas um acesso ao local, para pessoas previamente cadastradas pelo tribunal.
O bloqueio da área afetará o expediente de órgãos públicos, que ficarão fechados a partir das 12h de hoje e cerca de 20 linhas de ônibus terão rotas desviadas a partir da meia-noite de amanhã. Já na tarde de hoje a circulação até mesmo de pedestres será controlada no local, sem horário definido para desbloqueio. “O perímetro ficará isolado o tempo necessário para garantirmos a ordem e a segurança ao TRF-4”, disse o comandante-geral da Brigada Militar, Andreis Dell Lago.
Além do entorno do TRF-4, também a Avenida da Legalidade, no acesso à capital gaúcha, terá o trânsito desviado a partir das 5h de amanhã, dia do julgamento. Outros pontos de interesse para manifestações tanto favoráveis quanto contrárias ao ex-presidente Lula também serão monitorados. “Vamos estar preparados para identificar quem queira fazer qualquer manifestação que contrarie a legislação, inclusive mascarados”, enfatizou Schirmer, destacando os acordos estabelecidos com movimentos sociais no sentido de cooperação e eventual responsabilização em caso de atos de violência ou depredação.
As ações em apoio a Lula ficarão concentradas no Anfiteatro Pôr do Sol, a poucas quadras do TRF-4, e na “esquina democrática”, no Centro de Porto Alegre. Já as manifestações contrárias ao ex-presidente estão sendo convocadas para o Parque Moinhos de Vento, o Parcão. Schirmer afirma que atiradores de elite vão ficar no topo de edifícios próximos ao perímetro com a função de observadores, filmando e fotografando os manifestantes. “A presença de atiradores de elite faz parte de qualquer processo de prevenção. Atirador de elite é na verdade um observador. Vai atirar em último caso, numa condição excepcionalíssima. Ele é observador de espaço físico do que está acontecendo. Vai ficar nas partes mais altas. Vamos trocar a expressão por observador privilegiado, inclusive fotografando e filmando”, afirmou o secretário de Segurança.
PRESENÇA
O ex-presidente Lula anunciou no início da noite de ontem que vai a Porto Alegre hoje para agradecer a ‘solidariedade’ dos que se deslocaram até a capital gaúcha pra acompanhar o julgamento no TRF-4. A declaração de Lula ocorreu durante encontro com lideranças sindicais, em São Paulo. Lula e lideranças petistas chegaram a cogitar o não comparecimento do ex-presidente em Porto Alegre para evitar qualquer implicação que pudesse prejudicá-lo. Lula não disse se ficará na capital gaúcha até amanhã. O ex-presidente será julgado em segunda instância pelo caso do triplex do Guarujá. Ele é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Na primeira instância, foi condenado a nove anos e meio de prisão pelo juiz federal Sérgio Moro. Se for condenado novamente, poderá perder o direito de disputar a eleição presidencial deste ano.
Lula disse que está tranquilo, porém ‘magoado’. “Só quero uma prova. Tem que ter”, desafiou o petista ao questionar a condenação, conforme ele, sem nenhuma prova nos autos do processo. Lula disse que, caso seja condenado em segunda instância, vai recorrer. “Não sou moleque, não tenho medo deles”, afirmou o ex-presidente.