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Estado de Minas

Em caso de derrota de Lula, petistas devem adotar discurso moderado

Caso o TRF-4 confirme a condenação ao analisar o recurso, petistas pretendem atenuar críticas, na tentativa de minimizar novas derrotas no Judiciário


postado em 23/01/2018 10:05 / atualizado em 23/01/2018 10:11

O ex-presidente, que participou de encontro ontem com lideranças sindicais em São Paulo, se apoia em pesquisas eleitorais(foto: Ricardo Stuckert/Dovulgação)
O ex-presidente, que participou de encontro ontem com lideranças sindicais em São Paulo, se apoia em pesquisas eleitorais (foto: Ricardo Stuckert/Dovulgação)

Advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiram com ele que, a partir da sentença proferida amanhã pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, os discursos do petista serão modelados para unir a questão política e a questão jurídica. Trabalhando com a possível condenação pelos desembargadores — a esperança é que o placar contrário seja de 2 a 1, e não de 3 a 0, mais provável no momento —, Lula e seus defensores sabem que precisarão tomar cuidado para não atacar diretamente o Judiciário, o que dificultaria a apreciação dos recursos que serão apresentados ao próprio TRF4 e às instâncias superiores.

A preocupação é evitar a criação de um espírito de corpo na magistratura que gere uma antipatia natural aos recursos do petista. O próprio Lula fez questão de puxar as orelhas da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR). Na semana passada, ela disse que, para prender Lula, seria necessário “matar muita gente”. Tanto que, logo após, nas redes sociais, reconheceu que havia se excedido. Em seguida, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, afirmou que a petista tinha usado uma “força de expressão” e que ele próprio “morreria se Lula fosse preso”.

Por isso, a expectativa é de que hoje, no ato que acontecerá em Porto Alegre, Lula faça um discurso mais duro, político, de candidato. O ensaio foi feito ontem, durante encontro com sindicalistas em São Paulo. Fez críticas gerais ao processo — ele e o PT seguem tendo como principal adversário o juiz Sérgio Moro —, mas evitou nominar os desembargadores que vão julgá-lo. Reforça, assim, a tese de que pretende ser candidato.

“Eu ainda sou o principal candidato. Todas as pesquisas dizem que eu sou o preferido. Eles ainda não têm candidato. Estão querendo colocar o Huck (Luciano Huck). O único crime que fizemos foi o de fazer com que as pessoas andassem de cabeça erguida”, disse o ex-presidente. “Nós estamos vivendo um pesadelo. O meu futuro é muito curto, pois não tenho mais 20 anos. Então tenho que correr atrás de garantir as conquistas que já alcançamos”. Lula pretende ser candidato, mas a margem de manobra política dele está cada vez mais curta.

À exceção do PC do B, cuja presidenciável, Manuela D’Ávila, é deputada estadual do Rio Grande do Sul, nenhum integrante das direções partidárias de legendas que apoiam o direito de Lula de concorrer encaminharão representantes a Porto Alegre. “A manifestação do PDT foi expressa na nota oficial que colocamos no site do partido. Não há razões para estarmos lá”, confirmou o presidente nacional do partido, Carlos Lupi. É o mesmo caso do Psol. O provável candidato do partido ao Planalto, Guilherme Boulos, deve participar dos atos a favor de Lula em Porto Alegre e em São Paulo. Mas, neste caso, estará presente como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Não faria sentido mandarmos representantes para um ato se a nossa Executiva Nacional não deliberou oficialmente isso”, disse ao Correio o presidente nacional do partido, Juliano Medeiros.

Pautas concretas e instantâneas


Ele reconhece que as conversas com Boulos estão avançando, mas ainda não há nada conclusivo. “É desejo majoritário do partido marcharmos juntos ao Planalto. Mas ele precisa conversar também com os integrantes do MTST, já que a dinâmica de um movimento social é totalmente diferente da de um partido político. Eles têm pautas mais concretas e instantâneas”, declarou Juliano.

Para um integrante da direção petista, o posicionamento adotado pelas demais legendas de esquerda mostra o grau de isolamento vivido pelo PT. Segundo esse cacique partidário, com as chances concretas de o ex-presidente ser condenado e ficar proibido de concorrer nas eleições de outubro, todos estão procurando novos caminhos. “O PDT, independentemente do que acontecer, terá candidato. O PC do B, que sempre esteve conosco, lançou Manuela D´Ávila. O PSol já se divorciou de nós há tempos. Podem até prestar solidariedade. Mas ninguém quer meter a mão no buraco em que nos enfiamos”, completou o petista.


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