São Paulo, 23 - Se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguir disputar a eleição presidencial deste ano, em razão de uma possível condenação em segunda instância na Justiça, isso poderá enfraquecer a candidatura do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), afirmou ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, o cientista político André César, consultor da Hold Assessoria Legislativa.
Para ele, aqueles que votam em Bolsonaro porque rejeitam Lula poderão analisar as outras opções com mais calma caso o petista esteja fora da disputa. Confira os principais trechos da entrevista:
Qual a chance de o deputado Jair Bolsonaro chegar ao segundo turno na eleição para presidente?
É limitada a força do Bolsonaro. Primeiro porque é uma candidatura pequena, que terá pouco tempo de propaganda no rádio e na TV. E o teto dele é baixo, porque a rejeição é grande, então, será muito complicado para ele um eventual segundo turno. O que é possível, inclusive, é que ele nem seja candidato a presidente, se ele sentir que será uma empreitada muito difícil, ao mesmo tempo em que tem uma reeleição garantida para a Câmara. Ele pode até tentar o Senado. Tudo, por enquanto, está no plano da especulação e, no caso dele, isso é bastante claro. Ele sabe também que tem limitações como homem público, com as cascas de bananas que estão sendo jogadas para ele pela imprensa.
Mas candidaturas com pouco tempo de rádio e TV vão apostar nas redes sociais.
As redes sociais estão crescendo. Ainda não temos no Brasil um estudo mais aprofundado ou mais relevante sobre o tema. De fato, sabemos que estão aumentando o acesso, a audiência e a penetração do cidadão às redes sociais. As redes sociais terão mais importância, mas, no limite, TV e rádio são muito importantes. E outra coisa: quem assiste programa eleitoral, vê o começo e o final. Vão ver os primeiros dias e depois, para definição do voto, os últimos dias de campanha. E o Bolsonaro não terá tempo de passar sua mensagem.
Como uma possível condenação de Lula pode afetar a chance de outros candidatos?
Essa é uma grande incógnita.
Essa será uma eleição em que a conjuntura estará mais favorável a discursos radicais?
Estamos vendo hoje o discurso da antipolítica ou da nova política. Esses movimentos que estão surgindo, como Renova Brasil, Livres e o Novo, não foram inventados aqui e já estavam ocorrendo antes na Europa. E aqui as crises políticas recorrentes, do mensalão ao petrolão, estão cansando o cidadão comum, porque ele tem a sensação de que a política virou polícia. Mas esse discurso de nova política tem de ser bem calibrado na campanha, porque você pode colocar tudo a perder enquanto proposta.
(André Ítalo Rocha).