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Estado de Minas

Na véspera do julgamento, Lula diz que só sai da disputa eleitoral morto

O ex-presidente falou para milhares de apoiadores em Porto Alegre, onde será julgado nesta quarta-feira pelo caso do triplex


postado em 23/01/2018 20:33 / atualizado em 23/01/2018 21:24

Lula disse que independente do resultado do julgamento continuará lutando pelo Brasil(foto: Jefferson Bernardes AFP)
Lula disse que independente do resultado do julgamento continuará lutando pelo Brasil (foto: Jefferson Bernardes AFP)

Na véspera do julgamento pelo Tribunal Regional Federal (TRF 4), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou nesta terça-feira (23) sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto e disse a uma multidão de apoiadores, em um comício em Porto Alegre, que só sai da disputa se estiver morto. Apesar de reafirmar sua inocência no caso do triplex no Guarujá, o petista optou por não falar do processo que será julgado nesta quarta-feira (24) e incorporar o discurso de candidato, falando dos feitos das gestões petistas no governo brasileiro.
 
“Só uma coisa para me tirar do que estamos fazendo, é o dia que eu não estiver mais aqui, o dia que eu estiver morto. Enquanto eu tiver um dia (de vida) estarei brigando para que este país construa uma sociedade justa”, afirmou.

Lula disse que sua disposição de voltar ao comando do país independe do que for decidido pela Justiça. “Quero dizer a vocês que qualquer que seja o resultado, continuarei lutando neste país para que as pessoas tenham respeito e dignidade. Aqueles que estavam na senzala querem subir na casa grande e ninguém vai impedir”, disse.
 
Lula disse que, para se recuperar, o país precisa de “alguém que tenha credibilidade e coragem de olhar na cara do povo”.  O petista disse que não falaria do processo ao qual responde por ter advogados que já provaram sua inocência e por acreditar que os magistrados que decidirão o recurso não vão se pautar por convicções  políticas.

Magistrado mais honesto


Apesar de ter evitado falar do triplex, Lula fez uma provocação ao Judiciário durante o discurso: "Duvido que exista nesse País um magistrado mais honesto do que eu".

O petista fez várias críticas ao governo do presidente Michel Temer (PMDB), que, segundo ele, criou uma doença chamada PT. Segundo Lula, este mesmo governo trouxe mal maior, que foi tirar a esperança do povo brasileiro. “As pessoas têm que entender que não estou aqui preocupado comigo, estou preocupado com o que está acontecendo com o povo brasileiro . Eles estão desmontando o Prouni, o Fies, com as escolas técnicas, estou vendo o país sendo destruído”, disse.

Lula, que diz ter a "tranquilidade dos inocentes", também avaliou que o mercado "tem medo" de sua candidatura. "Eu não sei se é medo do Lula voltar em 2018; se for medo, é bom. O mercado tem medo do Lula, mas eu não preciso do mercado, eu preciso de empreendedores, de empresas produtivas, de agricultores familiares", declarou.

Medo e nojo


Lula afirmou que teve um momento em que o PT ficou com medo e, com isso, viu crescerem os seus adversários. "Toda vez que a gente fica com medo e se recolhe os adversários crescem. Uma vez fiquei com nojo ao ver bandidos falarem mal do PT, ao ver pessoas chamadas de quadrilha falarem mal do PT", disse.

Ele criticou os adversários da direita que, segundo ele, querem que qualquer um seja candidato, menos ele e disse não se conformar com o complexo de vira-lata que tomou conta do país. Segundo o ex-presidente, no momento o país não tem estabilidade, pois, para isso é preciso que o governo tenha credibilidade.

Com discurso de candidato, Lula disse que em fevereiro voltará a Porto Alegre para fazer uma "caravana". Ele disse ainda que "não existe partido político melhor do que o PT" e que acredita que "a esquerda vai se unir em torno de um projeto para recuperar o País".

Condenado por Moro


Nesta quarta-feira, 24, o Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4) julgará o primeiro recurso do ex-presidente no processo. Em julho do ano passado, o petista foi condenado a 9 anos e meio de prisão pelo juiz Sérgio Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Lula participa hoje da "grande marcha" promovida pelo PT, no Centro de Porto Alegre. Ele discursou em cima de um carro de som, ao lado de políticos como a ex-presidente Dilma Rousseff, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias, a presidente do PCdoB, Luciana Santos, e a pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, Manuela D'Ávila.

Lula chegou a Porto Alegre por volta das 17 horas desta quarta e viajou num avião particular. A previsão é que Lula volte para São Paulo ainda hoje e acompanhe o julgamento amanhã da capital paulista. (Com Agência).


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