Ao manter a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por unanimidade – e sem nenhuma divergência no voto –, os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) deixaram o petista mais próximo da possibilidade de ser preso. Isso porque resta apenas um recurso para que comece a cumprir a pena de 12 anos e um mês de prisão: os embargos de declaração. Esse tipo de recurso é destinado ao próprio juiz da causa, que deverá analisar uma obscuridade ou omissão, ou seja, os embargos não servem para modificar o mérito da decisão.
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Derrota de Lula na Justiça amplia incertezas na disputa eleitoralLula se compara a Mandela e diz que esquerda vai se unirPrisão de Lula incendiaria o país, diz Marco Aurélio MelloNo Twitter, julgamento de Lula é mencionado em 811 mil posts em 18 horasO ex-presidente pode contar com um prazo um pouco mais dilatado, pois o revisor do processo, desembargador Leandro Paulsen, sairá de férias por um mês na próxima segunda-feira. Já o desembargador Victor Laus sairá de férias em 27 de fevereiro. A turma só estará completa no fim de março e isso é imprescindível para a análise dos embargos.
Para complicar ainda mais os cenários possíveis para o ex-presidente, os desembargadores se amparame na súmula 122 do próprio tribunal, que afirma que “encerrada a jurisdição criminal de segundo grau, deve ter início a execução da pena imposta ao réu, independentemente da eventual interposição de recurso especial ou extraordinário”.
Depois de notificado pelo TRF-4, a ordem de prisão é expedida pelo juiz Sérgio Moro – coordenador da Operação Lava-Jato e responsável pela condenação de Lula em primeira instância. Mas para tirar o cliente da cadeia, os advogados podem contar com um recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal (STF). O órgão pode inclusive modificar a sentença e inocentar Lula. Mas enquanto não analisam o mérito, os ministros poderão debater sobre o início do cumprimento da pena.
HABEAS CORPUS Para evitar a prisão, os advogados de Lula estudam entrar com um pedido de habeas corpus preventivo junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). “Nós vamos utilizar todos os recursos possíveis para anular a decisão de hoje porque ela está condenando alguém que não praticou crime. Não haverá nenhuma medida restritiva contra o ex-presidente Lula”, assegurou o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins.
Embora o Supremo tenha fixado entendimento sobre a prisão depois de condenação em segunda instância em fevereiro de 2016, em várias decisões individuais os ministros soltaram condenados nessa situação, permitindo que recorressem em liberdade. O assunto veio à tona com duas ações apresentadas pela Ordem de Advogados do Brasil (OAB) e pelo Partido Ecológico Nacional (PEN).
"Prisão incendiaria o país"
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que uma eventual prisão do ex-presidente Lula incendiaria o Brasil. “Eu duvido que o façam, porque não é a ordem jurídica constitucional. E, em segundo lugar, no pico de uma crise, um ato deste poderá incendiar o país”, afirmou o ministro logo após a manutenção da condenação de Lula pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). Caso Lula seja preso, segundo Marco Aurélio, se estaria acionando a nova jurisprudência do STF sobre a possibilidade de execução de pena após condenação em segundo grau. O ministro, no entanto, defende a revisão do entendimento. “Se não for preso é porque essa jurisprudência realmente não encontra base na Constituição Federal, e tem que ser revista”, disse. Marco Aurélio é relator de duas ações nas quais o STF firmou, em outubro de 2016, o entendimento de que é possível iniciar o cumprimento de pena após a condenação em segunda instância.
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