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Estado de Minas

MDB de Minas pode expulsar deputado por falar mal de Temer

O pedido para tirar Sávio Souza Cruz do partido teve o aval do vice-governador Antônio Andrade, que reclamou o fato de o correligionário não criticar também o PT


postado em 26/01/2018 13:09 / atualizado em 26/01/2018 13:29

Sávio e Andrade são protagonistas de uma briga entre duas alas do MDB mineiro(foto: Euller Junior / Juarez Rodrigues / EM / D.A. Press)
Sávio e Andrade são protagonistas de uma briga entre duas alas do MDB mineiro (foto: Euller Junior / Juarez Rodrigues / EM / D.A. Press)

A briga interna do MDB de Minas Gerais, entre os aliados do governador Fernando Pimentel (PT) e os do vice-governador e presidente da legenda, Antônio Andrade, tem pela frente mais uma queda de braço entre as partes: um pedido de expulsão do secretário de Saúde de Minas Gerais, deputado estadual licenciado, Sávio Souza Cruz, das fileiras do partido. A medida foi solicitada por integrantes dos MDB Mulher e Afro com o aval de Andrade e seria analisada nesta sexta-feira (26) pela Executiva para seguir para o Conselho de Ética, mas a reunião não ocorreu por falta de quorum. A representação fala em “ataques levianos” a Temer e cita entrevistas e postagens de Sávio no Twitter.

Segundo o pedido de expulsão, assinado por três integrantes do MDB, o secretário Sávio teria praticado reiterados atos “nocivos, provocativos e desrespeitosos”, usando sua condição de secretário para “promover constante e inequívoca afronta ao MDB, principalmente a nível nacional, contra a pessoa do presidente da república Michel Temer e outros dirigentes do parido”.

A acusação é de que ele teria demonstrado desejo de desgastar a imagem do partido e teria 'reiterado desrespeito às decisões partidárias”. Segundo o pedido, ele “não merece outra reprimenda senão a expulsão do MDB por atos que revelam inegável atendado a imagem e dignidade do partido”.

 

Vice-governador, mas não do governo do PT


O presidente da legenda em Minas, Antônio Andrade, confirmou sua influência no pedido. “Ele é secretário de saúde e secretário-geral do MDB no estado e fala mal do MDB nacional. Se falasse mal de todos os partidos tudo bem, mas só fala mal do PMDB e do PSDB, não fala nada do PT. O Sávio vai ser expulso do MDB mesmo”, disse.

O vice-governador de Minas disse que o partido “tem os seus culpados e condenados”, mas que o PT também tem. “A presidente do PT, Gleisi Hoffmann está indiciada, o Lula foi condenado e ele não fala absolutamente nada do PT e mete o cacete no MDB”, reclamou.

Andrade afirmou que os aliados de Sávio boicotaram a reunião que analisaria a expulsão, mas que ele já convocou outra. “E se não vierem vamos convocar de novo.” O vice-governador disse que, apesar do cargo que ocupa ao lado de Pimentel, não faz parte do governo do PT. “Não participo de absolutamente nada. Sou vice-governador, mas não participo do governo do PT. Somos contra o governo do PT”, disse.


Um deputado estadual aliado de Sávio, que preferiu o anonimato, disse que pedir a expulsão de Sávio é “como um poste fazer xixi no cachorro”. “Abrir processo contra alguém com a história do Sávio é totalmente descabido. Se tem alguém que precisa ser expulso é o presidente (Andrade), ele que está envolvido no rolo da Lava-Jato. Se puxar a ficha, ele não tem currículo, tem folha corrida”, disse. Questionado sobre o comentário, Antônio Andrade respondeu que “não tem nada jurídico que prove” algo contra ele.

Sávio se defende


O secretário de Saúde Sávio Souza Cruz disse que o pedido de expulsão atinge mais ao partido do que a ele e afirmou ter sido confortado pelo apoio e solidariedade recebidos de deputados, prefeitos e membros da executiva. “Faz parte do jogo de disputa interna. Sou de um campo diferente deles, que estão conversando mais com o Aécio, o PSDB, essa turma de adversários do governo (Pimentel), que foi eleito com a participação do PMDB”, disse.

Sávio afirmou que se tem alguém descumprindo o estatuto não é ele. “Em 2014 o PMDB tirou em convenção a coligação que elegeu Pimentel e Antônio Andrade. Quem etá contra essa posição é que está contrariando o partido”, disse.

Sobre suas falas de críticas ao presidente Michel Temer e integrantes do PMDB nacional, o secretário também contestou. “Me disseram que na representação colocaram publicações de pessoas que retuitei. É inimaginável que um partido que lutou pelo fim da ditadura e da censura punir alguém por delito de opinião. Agora quem não pensa igual à direção partidária é criminoso? Acho uma distorção”, afirmou.


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