Brasília - Com o processo relacionado ao triplex do Guarujá (SP) chegando à fase final, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem agora mais uma preocupação na Justiça Federal do Paraná.
O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, começou a ouvir nesta segunda-feira depoimentos de testemunhas na investigação que relaciona o petista ao sítio de Atibaia.
O Ministério Público Federal (MPF) afirma que o imóvel foi repassado a Lula em forma de propina. Os marqueteiros Mônica Moura e João Santana reafirmaram a existência de um esquema de repasse de caixa 2 ao político e ao PT. Mônica relatou o pagamento não oficial de R$ 10 milhões para a campanha de 2006.
Esse é o terceiro processo contra Lula na Justiça paranaense. Ele responde por corrupção e lavagem de dinheiro. O primeiro caso, em que o petista é acusado de receber um apartamento como propina, já foi julgado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e aguarda apenas a fase de recursos.
No segundo inquérito, o ex-presidente é acusado de falsidade ideológica. O MPF afirma que recibos entregues pela defesa do acusado para comprovar aluguel de um imóvel em São Bernardo do Campo são falsos.
Durante o depoimento, João Santana afirmou que tratava de pagamentos ilegais diretamente com Lula e a cúpula do partido.
“O meu contato era sempre com a cúpula do partido e dos candidatos. No caso da eleição do presidente Lula, ele em primeiro lugar. Antonio Palocci cumpria um papel na organização financeira. Como era um trabalho extremamente sensível, resumia-se praticamente ao comando da campanha e um diálogo permanente com o candidato”, afirmou.
Mônica contou ao juiz Moro que foram repassados R$ 18 milhões para a campanha do político. De acordo com a empresária, R$ 10 milhões foram pagos ilegalmente pela Odebrecht, em troca de favorecimento em contratos com a Petrobras. O MP afirma também que as empreiteiras arcaram com reformas no valor de R$ 850 mil no sítio. Lula nega ser o dono da propriedade.
A investigação da Polícia Federal encontrou objetos pessoais dele e da ex-primeira-dama, Marisa Letícia no local.
O ex-gerente da área Internacional da Petrobras, Eduardo Musa, também prestou depoimento. O executivo afirmou que “não tem nenhum conhecimento sobre reformas no sítio de Atibaia e nunca recebeu informações sobre esse assunto”. Procurada pela reportagem, a assessoria do ex-presidente Lula não retornou as ligações.
Condenados
Em outro processo, que teve origem nas investigações da Lava-Jato, o juiz federal Sérgio Moro condenou ontem cinco ex-gerentes da Petrobras. Entre eles está Márcio de Almeida Ferreira e Edison Krummenauer.
O Ministério Público acusou seis investigados de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa por conta do pagamento de propina relacionada à Área de Gás e Energia da Petrobras. Moro condenou cinco e absolveu um. O ex-gerente Maurício de Oliveira Guedes teve o processo arquivado por falta de provas.
Márcio recebeu uma pena de 10 anos e três meses de reclusão por lavagem de dinheiro e corrupção. Edison deve cumprir nove anos e quatro meses. Paulo Roberto Gomes Fernandes e Marivaldo do Rozário Escalfoni pegaram 14 anos e três meses de prisão em regime fechado por corrupção e lavagem de dinheiro.
Mário da Costa Mattoni deve cumprir oito anos de detenção por corrupção e lavagem de dinheiro.