O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que seria melhor, para o País, se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da SIlva concorresse às eleições de outubro, mas que a "lei é a lei". Em entrevista à rádio Jovem Pan, transmitida na manhã desta terça-feira, 6, ele afirmou que há "bastante elementos" na condenação do ex-presidente petista, mas avalia que vai ficar uma "marca ruim" deste processo na história.
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Após repercussão, FHC reitera Alckmin como candidato do PSDB à Presidência'Alckmin precisa provar que consegue unir o centro', diz FHCFux quer acabar com brecha que libera candidatura de 'ficha suja'"Idealmente, era melhor que (Lula) fosse candidato, perdesse ou ganhasse, e (o País) não tivesse passado por esse processo", disse. "Não é bom para o País, mas vai fazer o quê? A lei é a lei". Em entrevista em janeiro, antes da confirmação da condenação do petista pelo Tribunal Regional da 4ª Região (TRF-4), Fernando Henrique Cradoso já havia dito que o "País não vai tremer se Lula for condenado".
Mesmo depois do julgamento e condenação no TRF-4, Lula continua liderando as pesquisas, com 37% de intenção de voto no Datafolha divulgado na última semana.
"Sendo candidato ou não teria sido melhor que pudesse concorrer, mas tem a lei. Ele foi condenado em segunda instância, pela lei da Ficha Limpa não pode. Ou você obedece a lei ou você quebra a Constituição", emendou FHC.
Questionado sobre a condenação do petista na primeira e segunda instância, Fernando Henrique disse que não o processo, mas disse que, pelo que ouviu dos desembargadores do TRF-4, tem "bastante elementos".
O ex-presidente reconheceu ainda que é possível um juiz errar, mas lembra que Lula foi condenado por quatro magistrados - três desembargadores e o juiz federal da primeira instância, Sérgio Moro. "Não há segmento da sociedade política brasileira que queira condenar.
Sobre as eleições ainda, o ex-presidente elogiou o apresentador de TV Luciano Huck. "Gosto dele, sou amigo dele e da família dele. Acho que para o Brasil seria bom, mas não sei o que ele vai fazer", afirmou. "Seria bom ter mais opções".
Em um cenário sem Lula, o apresentador de TV aparece empatado nas pesquisas eleitorais, ao lado de Alckmin, com cerca de 6%, disputando com os ex-ministros Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) o segundo lugar na disputa - o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) lidera a corrida.
Sobre Alckmin, por sua vez, Fernando Henrique enumerou quatro pontos principais do pré-candidato: experimentado politicamente, é um homem simples, fala pausadamente na televisão e tem controle das contas públicas.
"Eu apoiei Geraldo para ser presidente do partido, porque acho que nesse momento o PSDB vai tê-lo como candidato e acho que é um candidato competitivo. Vai ser? Vamos ver", avaliou o tucano.
São Paulo
Alckmin deve deixar o governo para se dedicar exclusivamente à disputa presidencial em abril, mas a ofensiva pela sua sucessão no governo do Estado já foi deflagrada. O vice-governador, Márcio França (PSB), já se lançou na disputa, mas há ao menos quatro tucanos se colocando como pré-candidatos. Dentre eles, o prefeito de São Paulo, João Doria, que apesar de negar, tem articulado nos bastidores sua candidatura.
Para Fernando Henrique, é "difícil" que o PSDB não tenha candidato próprio no Estado que comanda há 24 anos, mas lembrou que ele próprio já esteve em dois palanques.
Quanto a possibilidade de Doria deixar a Prefeitura para disputar o governo do Estado, Fernando Henrique afirmou que é preciso ver quais vão as condições, mas "a tendência dele parece ser voos mais altos (que a Prefeitura)".
O ex-presidente também foi questionado se o PSDB teria se deixado contaminar pela corrupção, o que ele refutou categoricamente. "Não se pode dizer que há um tesoureiro do partido na cadeia ou acusado de ter roubado (...). O que não quer dizer que pessoas do PSDB não tenham feito ou participado, mas não tem esse caráter sistêmico", respondeu..