O ex-ministro Geddel Vieira Lima decidiu fazer uma retificação em seu depoimento original e recuou em relação ao número de ligações que teria feito para Raquel Pitta, esposa do corretor Lúcio Funaro, tido como suposto operador de propinas do MDB na Câmara.
Para o Ministério Público Federal (MPF), Geddel se "arrependeu" das declarações e isso deve ser explorado por parte da acusação nas alegações finais do processo.
"Ele se arrependeu, quis retificar. Mas vamos confrontar todos esses depoimentos e aí apresentaremos as alegações com mais detalhes. (Inicialmente) ele disse que não se lembrava de quantas ligações havia feito, disse que eram mais de dez ligações e menos de 20. Agora, na versão final (do depoimento), ele diz que não se recorda", afirmou o procurador Anselmo Lopes Cordeiro.
"É um curto período de espaço de tempo. Desde a prisão de Funaro, ele vem se comunicando com a Raquel, coisa que ele não fazia anteriormente. O período que tem de prova pericial é um período curto. Nesse corte, houve uma periodicidade de uma ligação por dia. É isso que vamos explorar nas alegações finais", explicou.
Anselmo Lopes explicou que Geddel Vieira Lima será acusado com base na Lei das Organizações Criminosas (Orcrim), tendo como referência o artigo 2º da legislação, que fala em pena de três a oito anos de reclusão para quem "impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa". "Eu acho que pelo contexto dele, pela posição que ele exercia na própria organização criminosa, faz sentido que seja mais alta mesmo", argumentou.
Ao final do depoimento de Geddel, o MPF solicitou que as alegações finais do processo sejam feitas por escrito. Assim, a acusação terá cinco dias para apresentar os argumentos que devem embasar o pedido de condenação.
Após esse período, a defesa do ex-ministro também terá mais cinco dias para apresentar suas alegações. Após esse período, o juiz Vallisney de Souza Oliveira deve sentenciar o emedebista.