A obsessão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em insuflar a pré-candidatura de Luciano Huck é vista com profundo desconforto pelo PSDB, embora o partido venha repetindo que isso é uma “licença poética” do presidente em exercício da legenda. FHC, contudo, não está sozinho nessa empreitada. Padrasto do apresentador, o economista Andrea Calabi trabalha para vencer resistências no partido. A comunidade judaica paulistana também vê com bons olhos a pré-candidatura. E o ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga discute uma plataforma econômica para ser apresentada pelo comunicador em uma eventual campanha.
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'Não me sinto sabotado pelo FHC', diz Alckmin ao comentar amizade com HuckNão há possibilidade de candidato do PSDB não ser Alckmin, diz FHC a rádioApós repercussão, FHC reitera Alckmin como candidato do PSDB à PresidênciaLuciano Huck comprou jatinho com empréstimo de R$ 17 milhões do BNDESHuck retoma consultas sobre candidaturaFHC confirma proximidade com Huck, mas reafirma apoio a AlckminA atual hesitação de Huck, inclusive, passa por aí. A emissora estaria pressionando por um posicionamento oficial para não se sentir exposta, o que pode acontecer logo após o carnaval.
Nas defesas das partes encaminhadas ao tribunal, as alegações são de que Luciano “não diz ser candidato, não apresentou qualquer programa de governo e que apenas defendeu uma participação maior da sociedade na política”. De mais a mais, alegam os advogados, o próprio apresentador foi às redes sociais, poucos dias após a participação no programa dominical, para reiterar a não candidatura.
Próximos passos
Embora sejam bastante próximos, Huck e FHC não teriam discutido, ainda, abertamente, a possibilidade de uma real candidatura. Esse encontro, contudo, é esperado para os próximos dias. Mas o ex-presidente não para de abrir as portas da legenda ao novo “afilhado”. Em recente entrevista à Jovem Pan, o ex-presidente disse que “nenhum dos nomes colocados até o momento representam o novo”, e que “Huck poderá representar uma arejada no ambiente.
O PSDB entrou em chamas. Mas pessoas do círculo próximo de FHC garantem que as palavras recentes não são apenas um sinal de “perda de leitura política” como querem fazer crer os defensores da candidatura de Geraldo Alckmin ao Planalto. Vários fatores contribuem para alimentar a resistência de Fernando Henrique ao nome do governador paulista.
A origem da animosidade vem da campanha presidencial de 2006.
No segundo turno contra Lula, Alckmin posou para os fotógrafos com um macacão repleto de adesivos com o nome das empresas estatais. “Eu fui obrigado a fazer isso porque Lula mentiu ao dizer que eu privatizaria o Banco do Brasil. Eu jamais disse isso”, justificou Alckmin, ao término da reunião da Executiva Nacional do PSDB, na última quarta-feira, em Brasília.
O governador tucano tenta amainar a pressão sobre si, afirmando que Huck reúne condições para ser candidato e que é sempre bom alguém com ideias novas para arejar a política. “Poucos vão se lembrar, mas quando fui candidato a prefeito de São Paulo, em 2000, Huck me acompanhou em diversas agendas nas comunidades mais carentes”, recordou Alckmin. Recém-eleito tesoureiro do partido, o deputado Silvio Torres (SP) defende o nome de Alckmin. “Do jeito que o país está, com esse nível de complexidade, não imagino o Huck como presidente da República”, criticou.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que elogiou o discurso político de Huck em um encontro com empresários, lembrou que o próprio PSDB joga contra o governador ao estimular a realização de prévias internas contra o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. “Depois do dia 4 de março (data das prévias), o Geraldo estará no melhor dos mundos: presidente do PSDB e pré-candidato ao Planalto”, resumiu Torres..