São Paulo - A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva requereu nesta quarta-feira, 14, ao juiz federal Sérgio Moro que suspenda a perícia sobre o sistema eletrônico de contabilidade da propina da Odebrecht. A vistoria da Polícia Federal sobre o "Drousys" e o "MyWebDay" foi autorizada pelo magistrado em setembro em ação penal sobre suposta propina da empreiteira ao petista.
O advogado Cristiano Zanin Martins requereu que Moro barre a perícia até o Ministério Público Federal prestar esclarecimentos sobre o sistema MyWebDay - software desenvolvido pela empreiteira para gerenciar contabilidade paralela. O defensor apontou ainda para "concreta possibilidade de fraude, especialmente no que se refere ao Drousys" - sistema de informática para comunicação do setor de propinas da empreiteira.
Na manifestação, o defensor solicitou que a força-tarefa da Lava Jato responda a três perguntas: "Quando teve conhecimento de que a cópia do sistema MyWebDay entregue pela Odebrecht por ocasião do acordo de leniência não poderia ser acessada"; "quais foram as providências tomadas diante da informação de que a cópia do sistema MyWebDay entregue pelo grupo Odebrecht por ocasião do acordo de leniência não poderia ser acessada"; e "qual foi a base utilizada para fazer referência na denúncia ao sistema MyWebDay".
Em dezembro, Moro estendeu a perícia ao sistema de propina da Odebrecht revelado pela Suíça. Na ocasião, o magistrado acolheu o pedido do Ministério Público Federal, contestado pela defesa de Lula.
Segundo a defesa, até o momento, a perícia já levou "100 dias de análise". O advogado solicitou que "após eventual retomada dos trabalhos periciais, seja concedido às defesas de prazo igual àquele concedido ao Setor Técnico do Departamento de Polícia Federal para análise e manifestação acerca do laudo pericial decorrente do trabalho de alta complexidade desenvolvido pela equipe de peritos oficiais daquele órgão".