Brasília - Conhecido por orientar banqueiros e empresários sobre os rumos do Brasil, o cientista político Murillo de Aragão, fundador da Arko Advice, diz, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, acreditar que a melhora recente da economia deve enfraquecer as "candidaturas de ruptura", como ele classifica as investidas eleitorais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
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Triplex atribuído a Lula é avaliado em R$ 2,2 milhõesContra isolamento, Bolsonaro articula apoio de bancada suprapartidária no CongressoCiro Gomes vai apoiar namorado de Fátima Bernardes nas eleiçõesAs candidaturas de centro têm mostrado dificuldade para despontar nas pesquisas. Por quê?
O eleitorado de centro está acompanhando o andamento da disputa e não se posicionou. É cedo para tomar posição. O Lula se beneficia do recall que tem.
O centro usa a Previdência e a melhora da economia no discurso. Isso ajuda essa candidatura?
Indiretamente. Aprovada, ela (reforma da Previdência) causa uma melhoria nas expectativas em relação ao Brasil. Se a economia melhora, para o eleitorado é mais confortável uma solução que mantenha o bom ambiente econômico. E não apostar em candidatos de ruptura.
Bolsonaro começa a oscilar negativamente nas pesquisas.
O Bolsonaro é produto da conjugação da crise de segurança pública, ataque ao governo Temer, Lava Jato, antipolítico, antiestablishment. Ele sintetizou o cara que era contra tudo de ruim. Isso não é suficiente para sustentar uma campanha. A situação tinha que estar muito confusa, muito degradada, para ele conseguir romper o teto de votos que tem hoje.
Meirelles tem se colocado como responsável pela retomada de economia...
O Meirelles tenta estabelecer uma narrativa em que a melhoria do ambiente econômico decorre da condução segura da economia nas mãos dele. Mas até agora não houve uma percepção de que ele seja o pai da economia e a economia não melhorou o suficiente para gerar uma sensação parecida com aquela do Fernando Henrique (no Plano Real).
O pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, tem demonstrado dificuldade de crescer e ainda há expectativa sobre eventual candidatura de Luciano Huck...
Acho muito difícil que o PSDB substitua Alckmin por alguém que não seja do PSDB. Todo mundo deseja que Alckmin decole e, até agora, ele não decolou. O fenômeno Huck depende mais dele mesmo do que do PSDB. Se o Huck decidir ser candidato, parte das forças políticas vai migrar do Alckmin para o Huck, mas o PSDB não abandonaria o governador.
Como vê os 'outsiders'?
Existe um desejo grande da sociedade de renovação, mas isso é o início, não o fim. Se fala de Joaquim Barbosa, é um nome que representa renovação, mas o que ele vai falar? Às vezes, o candidato perde pelo que ele fala.