A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro virou a última cartada do presidente Michel Temer na tentativa de encontrar uma agenda com respaldo popular para substituir a iminente derrota do governo na votação da reforma da Previdência. A sete meses e meio das eleições, com planos de disputar um novo mandato e a bandeira reformista sob ameaça, Temer procura uma marca que possa ofuscar a crise política.
Embora o presidente diga que revogará o decreto da intervenção quando tiver apoio para votar as mudanças na aposentadoria - uma vez que, enquanto durar a medida, a Constituição não pode ser alterada -, até aliados admitem, nos bastidores, o naufrágio da reforma.
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O plano vinha sendo costurado havia alguns dias, mas somente saiu do papel na quinta-feira à noite depois que os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Raul Jungmann (Defesa) foram ao Rio convencer o governador Luiz Fernando Pezão (MDB).
Pesquisas encomendadas pelo Planalto mostram que a segurança é uma das principais preocupações da população, ao lado da saúde. Os dados coincidem com os últimos levantamentos feitos pela cúpula do MDB, em busca dos principais temas para tratar na campanha eleitoral.
O decreto da intervenção, porém, é considerado uma aposta arriscada. "É um salto triplo sem rede. Não dá para errar", resumiu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "Estamos vivendo o momento das consequências. Não se tomaria uma decisão tão grave nem um caminho tão difícil sem saber as consequências. É fundamental que a população entenda o que estamos fazendo", afirmou o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen.
Contra
Pré-candidato à Presidência, Maia foi inicialmente contra o decreto pelo qual as Forças Armadas assumirão o controle da segurança no Rio. Queixou-se de não ter sido consultado antes, irritou-se com o ministro da Justiça, Torquato Jardim, mas, ao fim da reunião no Alvorada, na noite de quinta, acabou aceitando a medida.