São Paulo - O empresário e ex-deputado federal Flávio Rocha, dono da Riachuelo, abandonou a vida parlamentar há 23 anos, mas desde o processo que culminou no impeachment de Dilma Rousseff virou voz ativa no cenário político a ponto de ser considerado uma opção na eleição presidencial.
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Temer investe em nova agenda e Bolsonaro reageLula diz que Temer quer ser candidato à reeleição pegando eleitores de BolsonaroNova direita avança no Brasil e vai disputar eleições de 2018Perdas de deputados da Rede podem tirar Marina de debate eleitoralNa busca pelo "candidato óbvio", Rocha não parece confortável com nenhum dos nomes colocados até então. Ele diz que Bolsonaro precisa acertar uma "sintonia fina" e que Geraldo Alckmin estaria migrando para um "centro amorfo". "O mercado quer um candidato de direita democrática. A direita democrática entra em campo para consertar o País", afirma.
Rocha lança nesta quarta-feira, 21, em Natal, o braço nordestino do Brasil 200 - movimento de empresários que pretende pautar as eleições com um projeto liberal na economia e conservador nos costumes.
O senhor conversou sobre eleição presidencial com o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ)?
Tenho conversado com os candidatos de uma forma geral e constatado uma imensa lacuna, uma lacuna que é a falta do chamado candidato óbvio. O candidato óbvio é alguém que ofereça um contraponto a esse triste ciclo que a gente imaginava que fosse ficar para trás.
E sobre ser vice de Bolsonaro? Ele chegou a elogiar publicamente o seu nome...
Fiquei lisonjeado, mas isso iria comprometer o crescimento do (movimento) Brasil 200.
Bolsonaro tem o perfil desse 'candidato óbvio'?
Bolsonaro merece o mérito de ser o único candidato que toca nos temas tabus. Pode se questionar a sintonia fina de carregar demais nas cores, mas é o único que fala de temas que têm apoio de 80% do eleitorado.
Está difícil achar esse nome?
O que a gente está vendo é que o quadro está cada vez mais nebuloso.
O apresentador Luciano Huck poderia ser esse candidato?
Olha, o Luciano Huck é um querido amigo, que tenho admiração. Mas não concordei quando ele disse que 'não existe mais esquerda e direita'. Dizer que não existe esquerda ou direita é dizer que tanto faz se você está ao lado de Coreia do Norte, por exemplo.
Aparentemente todos os pré-candidatos querem flertar ou se colocar no centro.
A tática maliciosa da esquerda é tachar a direita democrática de ser simpatizante da ditadura militar. Ora, a ditadura militar foi tão estatizante quanto o PT. Na economia, direita é Estado pequeno.
Então, não é verdade que o mercado quer um candidato de centro?
O mercado quer um candidato de direita democrática. A direita democrática entra em campo para consertar o País. É a direita dos costumes que é o discurso que toca a imensa maioria do eleitorado brasileiro. Nós ainda não temos esse candidato que tenha esse discurso coerente para tocar o coração do eleitor - aliado à fórmula eficiente para consertar a economia.
O governador Geraldo Alckmin não teria esse perfil?
Ele poderia ser mais incisivo na agenda dos costumes. Isso é o que falta a ele para chegar mais próximo a esse perfil. Ele tem convicções que não estão sendo externadas - que é de um candidato mais conservador nos costumes.
Pode surgir um outsider?
Pode sim.
O senhor?
Não. Entre muitos outros motivos por falta de votos...
O senhor teria sido cogitado como candidato até pelo presidente Michel Temer...
Vi isso com surpresa. Volto a insistir, não sou candidato. Se eu fosse (candidato), o Brasil 200 não teria saído do chão.
Concorda que a reforma da Previdência foi enterrada?
O tempo trabalha a favor da Previdência. Cada vez está ficando mais claro que o presidente está falando em combater o privilégio de 2 milhões de pessoas, dos que estão em cima da carruagem estatal. O Estado, além de gigantesco, balofo e gastador, também ficou ensimesmado dentro de si.
O senhor foi autuado pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte por questões ligadas a condições de trabalho de empresas subcontratadas pela Riachuelo.
A máquina de não fazer do Ministério Público nos autuou em R$ 38 milhões por conta de uma tese acadêmica. Não existe em nenhum lugar da lei algo chamado de subordinação estrutural. Se aplicar essa tese, não fica uma montadora.
Mas a denúncia causou danos à imagem da empresa, não?
Causou um dano enorme para a imagem da Riachuelo. Mas o principal dano não é para a gente. É para dezenas de milhares de empregados que tem lá. Apareceram viaturas, guardas com metralhadoras querendo achar coisas erradas, mas não acharam nada. .