Brasília – As críticas sobre a criação de mais um ministério, que causaria mais despesas ao governo federal em plena crise fiscal, levaram o presidente Michel Temer a pensar em apenas nomear um ministro extraordinário da Segurança Pública sem criar nova estrutura ministerial. Ele avalia também fazer essa nomeação por meio de decreto e não editar medida provisória ou apresentar projeto de lei, instrumentos legais para criar a nova pasta. O presidente ainda não tem nomes para o cargo. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), criticam a forma como o Ministério da Segurança Pública, que vai tirar a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária e o sistema penitenciário do Ministério da Justiça, poder ser criado. Maia já afirmou que é a favor da redução do número de ministérios.
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Eleição é questão pequena perto da intervenção no Rio, dis Moreira FrancoTemer anuncia criação de Ministério da Segurança PúblicaRodrigo Maia afirma em BH que espera que motivação para intervenção não seja eleitoralMinistério da Segurança Pública será criado por MP e anunciado nesta 2ª feiraPoliciais federais indicam Balestreri para Ministério da SegurançaDe acordo com a legislação, o presidente pode criar por decreto até quatro cargos de ministros extraordinários para cuidar de temas considerados emergenciais para o país, um instrumento já usado em outros governos. Se criar a pasta da Segurança Pública, será a 29ª do atual governo. Antes de assumir, Temer chegou a prometer reduzir os ministérios para 22, mas acabou nomeando 25 ministros.
No início da semana, Eunício Oliveira criticou a criação por meio de medida provisória e pediu que ela fosse feita via projeto de lei.
A criação da pasta por decreto não é unanimidade entre os auxiliares do presidente e há quem ressalte que a medida “não é prudente” porque pode ser alvo de contestações da oposição e até mesmo ser alvo de ação popular.
CONSELHO MILITAR
Temer se encontrou ontem com os comandantes das Forças Armadas no Ministério da Defesa para a reunião do Conselho Militar de Defesa. Segundo o ministro da Defesa, Raul Jungmann, a intervenção no Rio de Janeiro não foi discutida durante o encontro. Um dos temas da reunião foi o Orçamento de 2018, que será de cerca de R$ 13 bilhões para investimento, após o contingenciamento. Ele informou que há R$ 100 milhões reservados para operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Após a reunião, Jungmann, disse que a possibilidade de migração de criminosos do Rio de Janeiro para outros estados é “plausível” e causa preocupação. O Rio está sob intervenção federal na área de segurança pública desde a última sexta-feira. Ele disse ainda que, na próxima semana, o general Walter Souza Braga Netto, nomeado interventor na área de segurança pública do Rio de Janeiro, deve apresentar à imprensa o plano detalhado de ação no estado.
Segundo Jungmann, a migração do crime ocorre onde há maior eficácia das forças de segurança e pode se dar inclusive dentro de um mesmo estado. “É plausível . Essa migração ocorre dentro do Rio de Janeiro, dentro de Pernambuco, dentro de Goiás. Onde você tem uma eficácia maior das forças de segurança, o crime em certa medida migra. Essa é uma preocupação que temos que ter e temos que cuidar para que ela não se corporifique”, disse em entrevista a jornalistas.
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