Em tempos de campanhas sem financiamento privado e na era das fake news, os partidos políticos e os marqueteiros terão de se virar para expor, com a maior clareza possível, as ideias de cada um dos candidatos durante o horário eleitoral gratuito. Este ano, eles enfrentarão um problema ainda maior: com a pulverização das candidaturas, é pouco provável que alguns dos postulantes ao Palácio do Planalto tenham tempo de sobra para a propaganda política, a exemplo das polarizações ocorridas em anos anteriores, monopolizadas por nomes do PT e do PSDB.
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Candidatura de Temer é direito dele, afirma AlckminPSB tenta convencer Joaquim Barbosa a ser candidato a presidenteLula diz que Temer quer ser candidato à reeleição pegando eleitores de BolsonaroSe dependesse apenas do tempo de televisão do MDB, Temer teria ao seu dispor 1 minuto e 26 segundos. Mas aposta na capacidade de aglutinar outros apoios com base na caneta presidencial. Se unisse o partido ao PSD, PP, PR, PTB, PRB e DEM, por exemplo, teria um upgrade para 5 minutos e 16 segundos. Dificilmente, contudo, conseguirá agregar o PSDB, praticamente fechado com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Temer esbarra, contudo, em um problema.
O PSDB tem a oferecer, isoladamente, 1 minuto e 18 segundos para Alckmin. Mas, se agregar PSB, PP, PR, PTB, PSD, chegaria a 5 minutos e 12 segundos. Evidentemente, é o terreno das hipóteses. A parceria com o PSB, por exemplo, está ameaçada.
Oposição
Se a base governista tem dificuldades de unificar o nome, os problemas não são menores entre os partidos de oposição. Em anos anteriores, nesta fase da pré-campanha, era mais do que natural a aglutinação de forças em torno do PT. Mas as dúvidas permanentes sobre até que ponto o partido conseguirá esticar a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva jogam todas as apostas para o ambiente da incerteza. Sozinho, o ex-presidente (ou um eventual nome que o substitua, sendo hoje o mais provável o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad) larga com 1 minuto e 35 segundos no horário eleitoral. Se atrair o PDT, de Ciro Gomes, e o PCdoB, de Manuela D’Ávila, subirá para 2 minutos e 25 segundos de exposição.Fenômeno nas pesquisas de intenção de voto e nas interações com fãs e eleitores nas redes sociais, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) tem, até o momento, apenas 10 segundos para apresentar as propostas de governo. Bem menos do que o tempo concedido a um dos mais icônicos candidatos ao Planalto, Doutor Enéas (Prona), que encerrava suas participações de 30 segundos na propaganda eleitoral com o bordão: “Meu nome é Enéas”. Bolsonaro aposta no contato direto com o eleitorado em viagens pelo país, nas quais, normalmente, é recebido por uma multidão de admiradores nos aeroportos e em atos públicos.
Politicamente, contudo, ele ainda enfrenta enormes resistências.
Negociação para troca de partido
O tempo destinado à propaganda eleitoral é importante, mas a quantidade de aliados a espalhar o nome dos candidatos na corrida eleitoral de outubro também é essencial. Além disso, a eleição de uma bancada robusta em outubro garantirá aos partidos, a partir de 2019, mais recursos e mais espaço na televisão.
Por isso, a preocupação dos caciques partidários com a janela de troca-troca partidário que se abrirá agora em março. A disputa pelos parlamentares ávidos por mais espaço nos estados contará, ainda, com um adendo este ano: os R$ 800 milhões do fundo partidário que poderão se somar aos R$ 1,7 bilhão do fundo eleitoral.
“Economizei o dinheiro do fundo partidário para financiar as candidaturas em outubro”, confirmou à reportagem o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson. “Essa é uma questão até legal, mas é ruim para a democracia, porque levanta a questão de compra e venda de filiações”, reconheceu o deputado e tesoureiro nacional do PSDB, Sílvio Torres (SP). Pelos corredores do Congresso, há informações de que existem partidos oferecendo entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões para interessados em trocar de legenda.
Caciques do MDB afastam essas denúncias. Uma rebelião por mais recursos para as campanhas estaduais chegou a ser ensaiada, mas o presidente nacional da legenda, Romero Jucá, conseguiu apagar o incêndio e foi reconduzido ao posto após reunião da Executiva, na quarta-feira. Na Câmara, a avaliação é de que o partido ganhará 10 deputados e perderá outros 10.
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