Brasília - O presidente Michel Temer vai vincular as trocas na reforma ministerial, em março, ao projeto eleitoral do Planalto e do MDB, seu partido. As legendas que hoje têm cadeira na Esplanada só poderão indicar substitutos caso se comprometam a apoiar o candidato defendido por Temer - ele próprio ou outro do mesmo grupo político.
Temer conversou com seus principais auxiliares sobre o assunto nesta segunda-feira, 26. Ele determinou que o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, coordene as conversas com os partidos e colha sugestões de nomes para os substitutos. O presidente avisará às legendas que elas poderão indicar os nomes, mas a decisão final será dele.
"Os ministros e os partidos serão ouvidos, porque entendemos que todos estão fazendo um bom trabalho nos ministérios onde exercem suas funções. Mas a palavra final a respeito de tudo isso será do presidente da República", afirmou o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun.
Pela estratégia de Temer, o PR, por exemplo, pode perder o Ministério dos Transportes caso indique um apoio à eventual candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Integrantes da sigla já discutem quem indicar para a sucessão do atual titular, Maurício Quintella, que deixará o cargo para tentar reeleição para deputado ou vaga no Senado por Alagoas. Um dos nomes na mesa é o de Deusdina dos Reis Pereira, que foi destituída, em janeiro, pelo Conselho de Administração da Caixa da vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias do banco por suspeita de ter praticado tráfico de influência.
Temer quer fechar todas as mudanças ministeriais até o fim de março. Pela legislação eleitoral, os ministros que serão candidatos devem deixar o governo até 7 de abril. Oito ministro devem deixar o cargo. A conta não inclui o titular da Fazenda, Henrique Meirelles, que ainda tenta viabilizar sua candidatura presidencial.
Kassab
Com a decisão de Temer de vincular as trocas ministeriais às eleições, o ministro Gilberto Kassab (Comunicações) afirmou nesta segunda que o PSD, sigla que comanda, tem preferência pela candidatura do governador Geraldo Alckmin (PSDB), mas esse apoio poderá ser rediscutido caso o presidente tente a reeleição.
"O PSD tem como premissa que Temer não será candidato, pois é evidente que, sua candidatura existindo, seu nome seria imediatamente incluído nas discussões do partido."
A preferência do PSD por Alckmin tem uma razão: o partido fechou acordo com o PSDB em São Paulo para indicar o candidato a vice-governador do Estado na chapa encabeçada por um tucano. O candidato a vice é o próprio Kassab.