O presidente Michel Temer defendeu nesta quarta-feira, em entrevista à rádio Jovem Pan, a intervenção federal na segurança pública do Rio e a nomeação de um militar, o general da reserva Joaquim Silva e Luna, para o cargo de ministro da Defesa após a posse de Raul Jungmann na nova pasta da Segurança Pública.
Ele afirmou que é preciso acabar com o "preconceito" de colocar militares em funções administrativas do governo e que militares "se recolheram" excessivamente nos últimos tempos. "Precisamos acabar com esse preconceito. Eu já disse a oficiais militares que eles não precisam entrar na política, mas ajudar na administração é uma coisa importantíssima."
Ele citou que as Forças Armadas ocupam o primeiro lugar em pesquisas sobre credibilidade da população e disse que não há qualquer desejo entre os militares de as Forças ocuparem o poder no País.
Intervenção
Temer afirmou que a intenção do governo é conectar a intervenção no Rio com programas sociais. Ele lembrou que terá uma reunião amanhã com todos os governadores para falar do assunto. "As coisas que acontecem no Rio repercutem nos outros Estados. Se as coisas desandarem no Rio de Janeiro, será um exemplo muito negativo para os demais Estados da Federação."
Para o presidente, apenas a presença das Forças Armadas no Rio, antes da intervenção, não era suficiente para resolver problemas. Ele citou que, quando conversou com o governador Luiz Fernando Pezão (MDB), ele mesmo pediu que a medida fosse aplicada em seu Estado.
Motivações
Temer negou, mais uma vez, que a intervenção no Rio tenha caráter eleitoral. Respondendo a um comentário do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Temer afirmou que o tucano não estava se referindo ao atual governo quando falou que "governos, quando não são fortes, apelam para os militares." FHC fez a declaração ontem durante evento do jornal O Estado de S.Paulo.
"Acho que foi um exagero da linguagem", disse Temer. "Tenho impressão que o presidente FHC se pautou por um critério dele. Pode ser que em dado momento o governo dele tenha se enfraquecido e que ele tenha pensado nas Forças Armadas."
Uso eleitoral
O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, reconheceu que "é inexorável o uso eleitoral da pasta". Avisou, no entanto, que vai trabalhar para evitar que isso aconteça, blindando o ministério. "É inexorável o uso eleitoral da pasta. O que nos cabe é blindar esse ministério porque é um ministério de Estado. Blindar de pressão, de pressão política, procurar blindar de interesses porque o reverso da segurança é a vida, direito à segurança é direito à vida, é poder sair na rua, andar nas praças", desabafou o ministro.
(Tânia Monteiro)