O juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos em primeira instância da operação 'Lava Jato', cujo nome foi mencionado como eventual candidato à Presidência, afirmou nesta sexta-feira (2), em Nova York, que "não é boa ideia" que juízes e promotores se lancem na política.
"Não acho que isso seja uma boa ideia", disse Moro, de 45 anos, em conferência sobre o combate à corrupção na América Latina, ao ser perguntado se funcionários do sistema judiciário devem entrar na vida política para poder fazer mudanças.
"Os juízes e promotores que fazem um bom trabalho podem influir na política, mas não disputar cargos eletivos", o que poderia confundir a população, avaliou Moro, falando em inglês no seminário auspiciado pela organização Sociedade das Américas/Conselho das Américas.
Moro, que em 2016 apareceu na revista trimestral da organização, Americas Quarterly, em uma fotomontagem como um dos três caça-fantasmas, neste caso um "caçador de corruptos", ao lado da procuradora-geral da Guatemala Thelma Aldana e do chefe da comissão antimáfia da ONU naquele país, o colombiano Iván Velázquez, insistiu em que a operação "Lava Jato" não é motivada por interesses políticos.
"Ninguém está sendo processado por suas opiniões políticas, mas porque pagaram ou receberam propina, lavaram dinheiro ou tiveram uma conduta criminosa específica", disse. "São os políticos que cometem crimes os que criminalizaram a política".
Em um dia de muito frio, vento e chuva, um grupo de manifestantes colou cartazes com a legenda "Lula é inocente" e uma foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) na fachada do Conselho das Américas. "Justiça partidária é injustiça", dizia outro cartaz com a foto de Moro.
Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro e enfrenta outros seis processos judiciais. Esta semana, ele afirmou em declarações à AFP que todas as acusações foram montadas para "desmoralizar" sua candidatura às presidenciais deste ano, para as quais é considerado favorito, e para impedir o retorno ao poder do Partido dos Trabalhadores (PT).
A operação 'Lava Jato' revelou um gigantesco esquema de propina de grandes empreiteiras a políticos de todo o espectro político para obter contratos na Petrobras.
Em três anos e meio, levou para a prisão ou ao banco dos réus empresários e políticos de primeira grandeza. A maioria dos processos em primeira instância está a cargo de Moro, juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, e os de políticos com foro privilegiado estão nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
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