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Estado de Minas

Vereador acusa Kalil de uso político do Atlético; secretário vai contestar na Justiça

Gravação divulgada por Gabriel Azevedo (PHS) sugere que prefeitura colocou filho de vereador na base do Galo, em troca de apoio na Câmara


postado em 09/03/2018 21:33 / atualizado em 10/03/2018 11:56

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A press)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A press)
O secretário Municipal de Desenvolvimento Daniel Nepomuceno, ex-presidente do Atlético Mineiro, vai apresentar queixa-crime contra o vereador Gabriel Azevedo (PHS), por causa da divulgação pelo parlamentar de uma conversa entre os dois. O áudio, gravado sem o conhecimento de Nepomuceno, levanta o uso político do clube pelo prefeito Alexandre Kalil, também do PHS e ex-presidente do Galo, e o pagamento de vereadores para fazer parte de sua base eleitoral, por meio da Empresa Municipal de Turismo (Belotur).

Segundo Nepomuceno, a gravação foi feita na manhã desta sexta-feira, sem seu conhecimento. No trecho de quase dois minutos, o vereador questiona o secretário sobre a admissão do filho de outro parlamentar, Jair di Gregório (PP), na categoria de base do Atlético, em troca de apoio político para a prefeitura no Legislativo.

Di Gregório, que também vai procurar a Justiça, justificou se tratar de “revanche”, depois de falar em plenário sobre a reportagem do jornal Folha de S. Paulo que acusa Azevedo de prestar consultoria de campanha a candidatos recrutados por movimentos sociais.

Além de conselheiro do Galo, Gabriel Azevedo foi coordenador de campanha de Kalil nas eleições de 2016, mas, depois de se eleger na Câmara, declarou-se independente. Na gravação com Nepomuceno, Azevedo afirma que a prefeitura teria comprado apoio político na Câmara.

“O Jair di Gregório teve na minha sala, falou que a Belotur está pagando para a base, está dando dinheiro para a base. E me disse claramente que o prefeito, para manter ele na base usou o Galo, colocou o filho dele, durante a sua gestão, para jogar na base (do Galo)”, disse. Na sequência, Nepomuceno responde: “Entendi. Direito seu, velho. Isso é verdade. Não posso falar nada, porque é verdade. Se o filho dele está lá, porque joga bola ou não joga bola... Ele está na base”, disse Nepomuceno, sem concluir a frase.

Segundo Azevedo, ele tem sido atacado pelos parlamentares por causa da tramitação de projetos e por pressionar pela abertura da CPI da BHTrans, para auditar a empresa. “Eu entendo que eu incomodo querendo que o processo legislativo ocorra como tem que acontecer. Mas manter a base totalmente feita coma velha política, usando o Galo, usando dinheiro público, usando Belotur, é foda, né”, retruca o vereador.

De acordo com Nepomuceno, na conversa com Azevedo, de quase 10 minutos, explicou ao parlamentar que o filho de Jair, Jair Júnior, veio do Vila Nova, está em teste na base e não tem contrato. “Se fosse profissional, seria mais difícil de explicar. Se outros filhos de vereadores fizerem teste e forem bons, vão ficar. Recebo mais de 1 mil pedidos. O filho do Eros Biondini (deputado federal) mesmo fez e não passou”, afirmou.

Segundo o secretário, na época do pedido, reforçou com Jair para não misturar política e futebol. “Disse a ele para não confundir o Daniel como secretário e o Daniel como conselheiro do Galo”, ressaltou. O secretário ainda acusou Azevedo de usar o clube para discutir política. “Que, está usando o Atlético para discutir uma questão política, interna deles, é o Gabriel”, disse.“Não posso de forma nenhuma aceitar que alguém grave um secretário, sem autorização, e ainda coloque uma parte de uma conversa de 10 minutos”, completou.

Azevedo afirma que aguarda os procedimentos judiciais com tranquilidade. “Desde a semana passada, tenho recebido uma escalada de acusações, porque tenho tentando abrir a CPI da BHTrans”, disse. Segundo ele, o uso político do Galo se estende também às cortesias de ingressos para os jogos do clube distribuídas a vereadores. “Na posição de jornalista e vereador, assim que confirmei que Nepomuceno sabia, resolvi deixar claro e divulgar”, afirmou o vereador.

Em nota, o vereador Jair di Gregório informou que faz parte da base do prefeito desde 2017 e acusa o vereador de editar o áudio. Ao contrário do que diz Nepomuceno, ele afirma que o filho foi contratado pelo Galo. “No áudio editado e publicado pelo vereador Gabriel Azevedo em conversa com o Daniel Nepomuceno, o ex-presidente do Atlético confirma que meu filho realmente foi contratado. E mesmo com a insistência do vereador Gabriel em querer que o ex-presidente declarasse que houve uma ação ilegal ou imoral no ato, não conseguiu”, escreveu.

Ele acusou o colega de “revanchismo” por não ter o assinado o requerimento de CPI. “E principalmente hoje, por publicizar na tribuna, que o jornal Folha de SP denunciou o instituto do vereador Gabriel Azevedo de oferecer serviço de consultoria política de forma ilegal e imoral”, disse. O parlamentar se refere a reportagem da Folha de S. Paulo sobre consultoria de Azevedo a candidatos que estão sendo recrutados por movimentos como o RenovaBR. O pacote, de R$ 261 mil, oferece estratégia política, assessoria jurídica, de comuicação, capacitação de equipes e serviços audiovisuais, entre outros, segundo a reportagem.

 

Em nota, o Atlético Mineiro se limitou a informar que: “O garoto está fazendo testes na Cidade do Galo, como dezenas de outros atletas. Funciona assim com todos: se for bom, fica; se for ruim, vai embora”. A prefeitura não se posicionou sobre acusações relativas à Belotur.


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