Os primeiros dias da janela partidária - período em que parlamentares podem mudar de partido sem o risco de perder o mandato - foram movimentados na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa de Minas. Em Brasília, o deputado Marcelo Álvaro Antônio deixou o PR e se filiou ao PSL. Em Belo Horizonte, os deputados Coronel Piccinini, ex-PSB, e Dirceu Ribeiro, ex-PHS, anunciaram a filiação ao Podemos. Pelo menos mais seis deputados federais e 16 estaduais conversam com outras legendas para trocar de sigla até o fim do prazo – a janela partidária dura até 7 de abril.
As mudanças que ocorrem nesses 30 dias não alteram o montante que cada partido receberá do fundo partidário. Parte dos recursos é liberada conforme o tamanho da bancada eleita no último pleito, em 2014, e outra parte é definida de acordo com a composição de cada partido no Congresso em agosto do ano passado. O troca-troca durante esta janela também não altera o tempo de TV que cada partido terá na campanha eleitoral, uma vez que a definição para o horário eleitoral leva em conta o tamanho da bancada eleita (90%) e os 10% restantes são divididos igualmente entre os candidatos.
Mesmo assim, o interesse em formar coligações com deputados puxadores de voto e grandes bancadas na Câmara dos Deputados faz com que os partidos busquem convencer parlamentares a migrar de legendas. Alguns partidos chegam a oferecer até R$ 2,5 milhões – o teto do gasto de campanha para uma cadeira na Câmara – para bancar suas campanhas, além de prometer também tempo de TV para suas propagandas. No ano passado, durante a janela partidária, cerca de 70 deputados mudaram de partido, e o número pode aumentar até o início do mês que vem.
Reclamação
O deputado Marcelo Álvaro Antônio foi o primeiro mineiro a usar a janela partidária ao deixar nesta semana o PR e se filiar ao PSL. “Resolvi mudar porque votei contra o PR em praticamente todas as pautas. O partido é da base do governo e eu estava sem ambiente. Como tenho relação próxima com o deputado Jair Bolsonaro, escolhi o PSL”, diz o parlamentar, que assume a presidência do PSL estadual e vai comandar a campanha de Bolsonaro (PSL) à Presidência da República.
Influência da disputa estadual
A composição das chapas para a disputa do governo de Minas também está sendo levada em consideração pelos parlamentares que avaliam trocar de partido. O deputado Rodrigo Pacheco, atualmente no MDB e cotejado pelo DEM, já é considerado ex-correligionário por emedebistas. Parte do partido quer manter a aliança com o PT e com o governador Fernando Pimentel, enquanto parlamentares ligados ao grupo de Pacheco querem romper com o PT.
“Sou pré-candidato ao governo de Minas e sou contra a aliança com o PT. Há uma tendência em mudar de partido, mas isso se definirá até 7 de abril. O convite do DEM se deu pela oposição ao PT e pelo encontro em pautas nacionais, como o enxugamento da máquina pública e a busca pelo crescimento a partir da geração de empregos e do desenvolvimento econômico. São diretrizes que me agradam”, avalia Pacheco.
O deputado Rodrigo de Castro (PSDB) é outro na bancada mineira que aguarda definição das chapas para a disputa estadual para decidir se vai mudar ou não de partido até o início do mês que vem. “Tenho escutado outros partidos, mas a preferência é de ficar no PSDB. Isso dependerá do caminho que nosso grupo vai tomar na negociação sobre a eleição estadual. Não abro mão do meu campo político, em que sempre fiquei. Entendo que o PSDB deveria ter candidatura própria ou fazer uma aliança com outro partido próximo ao nosso grupo político, nesse caso o nome pode até não ser do PSDB”, diz Castro.
Na Assembleia Legislativa, a movimentação dos deputados é intensa em busca de coligações que podem garantir mais votos em outubro. Além de Piccinini e Ribeiro, que anunciaram a filiação ao Podemos, outros 16 parlamentares estudam mudar de legenda. O deputado Leo Portela deve deixar o PRB e voltará para o PR, seguindo os passos de seu pai na Câmara – o deputado Lincoln Portela também deve voltar para o PR. Entre os tucanos – terceira maior bancada, com oito deputados – alguns parlamentares estudam deixar o partido, mas aguardam definições na formação das chapas e das coligações para a eleição.