A denúncia feita pelo vereador Gabriel Azevedo (PHS) de que parlamentares da base teriam recebido da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) – através da Empresa Municipal de Turismo (Belotur) -, para dar apoio aos projetos de autoria do Executivo e que o Atlético está sendo usado de forma política pelo prefeito Alexandre Kalil (PHS), voltou a render na Casa na tarde desta segunda-feira.
Boa parte dos vereadores usou o tempo de suas falas no plenário para exigir explicações de Gabriel e para rechaçar a possibilidade de ter recebido benefícios para dar apoio a qualquer medida da prefeitura. Mas, sem dúvida, quem foi mais enfático e duro nas críticas a Azevedo foi o líder de governo, Léo Burguês de Castro (PSL).
Além de fazer insinuações de que Gabriel, que foi um dos coordenadores da campanha do prefeito Alexandre Kalil (PHS), teria sido porta-voz de proposta para receber recursos em troca da indicação de uma secretária, chamou o colega de Câmara para o enfrentamento.
“Não bata em criança, bata em mim. Quero ver me encarar, eu tenho casco duro. É um covarde mesmo. Me encara aqui, eu sou homem, vem falar aqui e prova”, afirmou Burguês, aos gritos, no microfone do plenário, ao rechaçar as acusações de que o filho do vereador Jair di Gregório, de 18 anos, teria tido a carreira prejudicada pelo ocorrido.
O vereador ainda ironizou Gabriel dizendo que ele se posiciona como “paladino da moralidade”, mas que essa postura não estaria sendo cumprida na prática. E mais: disse que Gabriel constantemente ataca outros parlamentares da Casa e que as acusações feitas agora são, na verdade, “cortina de fumaça” para tirar o foco de acusação feita contra ele.
Reportagem do jornal Folha de S. Paulo, o acusa de prestar consultoria de campanha a candidatos recrutados por movimentos sociais por meio da RenovaBR. Segundo a publicação, o pacote, de R$ 261 mil, oferece estratégia política, assessoria jurídica, de comunicação, capacitação de equipes e serviços audiovisuais, entre outros.
O vereador Jair di Gregório (PP), acusado de ter trocado apoio político por uma vaga para o filho nas categorias de base do Atlético, usou seu tempo para dizer que passou o fim de semana “muito triste”, após ter sido, nas palavras dele, “brutalmente agredido” por Gabriel.
Segundo parlamentar, as diferenças políticas não podem ser estendidas às famílias dos parlamentares. Gregório afirmou que o filho treina desde criança e não precisaria de apoio político para se firmar como atleta.
Jair ainda revelou que vai representar contra Gabriel por quebra de decoro e também na Justiça já que, segundo ele, as acusações não são verídicas. “Quando ele (Gabriel) diz que a base estava se vendendo para o Kalil, ele mente, é quebra de decoro. Quando ele mente dizendo que eu pedi favor ao Kalil para o Atlético é quebra de decoro”, afirmou.
Pelas redes sociais, Gabriel, que não estava presente em plenário na sessão desta tarde,encerrada por falta de quórum, postou vídeo em que afirma ter protocolado junto ao Ministério Público pedido de investigação contra ele próprio e o Instituto de Inteligência Política, para verificar “se há algo de errado”.
“Léo Burguês me acusa de campanha extemporânea e financiamento empresarial. Cita George Soros, claro, e diz que estou distribuindo milhões de reais para políticos do Brasil. Eu poderia simplesmente dizer o óbvio. Isso é uma mentira. Agora, mais do que isso, vou manter a coerência. Como eu fui “denunciado”, fiz questão de pedir para ser investigado.”, afirmou na postagem.
Já em relação a Gregório, Azevedo diz que na conversa que gravou com o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e ex-presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, fica evidente que o parlamentar do PP pressiona para que o filho “seja efetivamente contratado pelo Atlético”
Considerando a sessão desta segunda-feira, Gabriel disse ainda que alguns vereadores fizeram uma “ação orquestrada” para atacá-lo e negou todas as acusações.
“Disseram que um jornal me acusou de ilegalidades. Nenhum jornal me acusou de ilegalidades. Disseram que existe um “instituto da fraude”. Não existe nenhum “instituto da fraude”. Disseram que há dinheiro privado sendo injetado sendo que sequer há movimentação financeira numa organização que ainda está em fase de registro”, afirmou.
Por fim, Azevedo afirma que todas as denúncias que fez serão levadas, junto às provas, ao Ministério Público para serem investigadas.
Entenda o caso
No final da tarde da última sexta-feira vazou em redes sociais uma conversa gravada entre Gabriel Azevedo e o secretário Municipal de Desenvolvimento Daniel Nepomuceno, ex-presidente do Atlético Mineiro, em que o vereador o questiona sobre a admissão do filho de outro parlamentar, Jair di Gregório (PP), na categoria de base do Atlético, em troca de apoio político para a Prefeitura no Legislativo. A gravação foi feita na manhã de sexta, sem conhecimento de Nepomuceno.
Além de conselheiro do Galo, Gabriel Azevedo foi coordenador de campanha de Kalil nas eleições de 2016, mas, depois de se eleger na Câmara, declarou-se independente. Na gravação com Nepomuceno, Azevedo afirma que a prefeitura teria comprado apoio político na Câmara.
No sábado, o prefeito Alexandre Kalil classificou como “fantasiosas” as declarações feitas pelo colega de partido e vereador Gabriel Azevedo.