O vereador Gabriel Azevedo (PHS) quer ser investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais. O parlamentar protocolou, ontem, pedido de abertura de inquérito para apurar denúncias de campanha extemporânea e financiamento empresarial contra ele mesmo. O MPMG confirma o protocolo. A solicitação, um tanto inusitada, é desdobramento de trocas de acusações que transformaram a Câmara Municipal num campo de batalha desde a última sexta-feira, quando gravação que levanta irregularidades na Empresa Municipal de Turismo (Belotur) e o uso político do Clube Atlético Mineiro pelo prefeito Alexandre Kalil, também do PHS, foi divulgado.
No centro da polêmica, estaria a admissão do filho de outro parlamentar, Jair di Gregório, pela categoria de base do Atlético Mineiro, em troca de apoio político para a prefeitura na Câmara. Gabriel também afirma que a Belotur foi usada para beneficiar parlamentares da base, com a realização de festas e pagamento de empresas indicadas pelos parlamentares, sem licitação. No outro lado da fogueira, parlamentares, que se exaltaram no plenário, disseram que o colega faz acusações sem provas.
A estratégia estaria sendo usada para criar cortina de fumaça, após reportagem da Folha de São Paulo sobre instituto criado por Gabriel Azevedo para oferecer consultoria de campanha a potenciais candidatos nas eleições de outubro. “Fui ao Ministério Público para ser investigado. Quero que esclareçam se sou um criminoso”, afirmou Gabriel. Ele também pediu a investigação sobre o caso Atlético Mineiro e as irregularidades na Belotur. Ele justifica que o Instituto de Inteligência Política (IIP) foi criado para ser espécie cooperativa para políticos e aspirantes.
De acordo com o líder de governo na Câmara, Léo Burguês de Castro, parlamentares que se sentiram ofendidos pelas declarações do colega vão entrar com pedido na Corregedoria da Casa para que Gabriel seja investigado. “Ele vai ter que provar”, disse. Exaltado, em plenário, Burguês chegou a chamar Gabriel para briga. “Não bata em criança, bata em mim. Me encara aqui, eu sou homem, vem falar aqui e prova”, disse aos gritos, em referência à admissão do filho de Jair di Gregório, Jairzinho, de 18 anos, pelo Galo. Também chamou o IIP de “instituto da fraude”, usado para financiamento empresarial e campanha extemporânea.
Jair di Gregório usou o plenário para exibir vídeos do filho jogando futebol desde criança. Depois de negar, ele acabou admitindo que procurou Nepomuceno para que o herdeiro ingressasse no time. O filho jogava profissionalmente no Vila Nova. Ainda em teste, a expectativa é de que seja contratado pelo Galo nos próximos dias. “Sou empresário de jogadores. Minha vida de futebol já tem muito tempo. Meu filho é um bom lateral. Já tive conversa com Daniel sobre outros atletas”, disse. Segundo ele, o filho tem sido hostilizado depois do áudio.
Além de conselheiro do Galo, Gabriel Azevedo foi coordenador de campanha de Kalil nas eleições de 2016, mas, depois de se eleger na Câmara, declarou-se independente. No sábado, o prefeito Alexandre Kalil classificou como “fantasiosas” as declarações feitas pelo colega de partido e vereador Gabriel Azevedo. Nepomuceno disse que vai entrar com queixa-crime contra Gabriel.
O vereador Pedro Patrus (PT) lamenta que o embate entre parlamentares esteja parando o Legislativo. “A Câmara está parada por causa de um embate entre vereadores. Isso é uma cortina de fumaça”, afirma Patrus, que pressiona pela criação de CPI para investigar a BHTrans.