Após um ano e três meses de discussão, o Ministério da Defesa concluiu mudanças na portaria R-105, do Exército Brasileiro, que define regras para a circulação de produtos controlados. Umas das alterações é a ampliação de munições que podem ser adquiridas por juízes e advogados. Pelas regras atuais, os integrantes destas duas categorias que possuem porte de armas de fogo podem adquirir 50 balas por ano. Com as mudanças, esse limite chega a 600 munições. O presidente da República, Michel Temer, deve publicar a portaria na próxima semana, com as mudanças nas regras dos produtos controlados.
A abertura do mercado nacional para fabricantes internacionais foi revelada pelo Correio em reportagem publicada em novembro do ano passado. Na ocasião, a suíça Ruag obteve autorização para instalar uma fábrica de munições em Pernambuco. Essa medida quebrou o monopólio da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), que até então dominava o mercado interno.
O aumento no número de munições para juízes chegou a ser alvo de debates em Rondônia no ano passado, após um ataque contra a casa de um magistrado da comarca de Jaru. No entanto, a proposta não chegou a ser oficializada e nem foi incluída na pauta de reivindicações da categoria. O presidente da Federação Nacional dos Juízes Federais (Ajufe), Roberto Veloso, vê a medida de forma positiva, mas alerta para a segurança dos magistrados em relação à quantidade de munições. “Cinquenta munições por ano eram insuficientes para garantir a defesa dos juízes. Essa mudança vem ao encontro das nossas necessidades. Mas é necessário que cada juiz compre o necessário, para não levantar a cobiça de criminosos. Cada um deve saber como manter essa munição segura”, afirma.
Mortes
Michel Temer já comunicou ao Exército a modernização da R-105.
Um levantamento realizado pela entidade liga o aumento no número de armas de fogo em circulação à quantidade de mortes e a explosão de atos violentos contra a vida. Em 2016, 61 mil pessoas foram assassinadas no Brasil. Esse número vem avançando a cada ano. Procurado pela reportagem no final da tarde, o Ministério da Defesa não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta edição.
Arsenal
Com as regras atuais, o mercado de armas pode movimentar R$ 2,6 bilhões, levando em consideração o contingente das Forças Armadas, policiais e vigilantes.
O Brasil possui atualmente pelo menos 8,5 milhões de armas que um dia foram legais circulando nos 27 estados. 3,8 milhões destas armas estão nas mãos de criminosos, sendo que as demais eram legalizadas, mas os registros venceram. 6,8 milhões de armas registradas estão nas mãos de civis e militares com posse autorizada.
Fontes: Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Ministério da Defesa
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