São Paulo, 15 - O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roberto Olinto, afirmou que o órgão ficará atento ao uso das informações de pesquisas publicadas pelo instituto pelos candidatos das eleições. "Tem a questão do fake news nas eleições. O IBGE fica um pouco longe disso. Em breve, teremos de ficar atentos, porque os candidatos podem dizer que o desemprego foi tal e o crescimento aquilo."
A declaração foi dada após proferir palestra em evento da Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner).
Segundo Olinto, o IBGE precisa atacar o mau uso da informação. "Falou algo errado, vamos publicar uma nota. Temos feito notas técnicas e comentários exatamente para nos defender de informações falsas."
O presidente afirmou que as pesquisas do órgão são produzidas de forma mais transparente possível, e ressaltou ainda que o órgão não produz opinião, mas que analisa dados do passado. "O IBGE não está aí para opinar. Quer manter a credibilidade.
As metodologias utilizadas pelo IBGE, acrescentou, são sempre baseadas em padrões reconhecidos. Segundo ele, nenhum instituto de pesquisa "inventa moda". Conforme o presidente, o órgão pode fazer adaptações, mas a lógica e o padrão usados são o mesmo na maioria dos países.
Em sua análise, diante do avanço da tecnologia e do excesso de informação, o desfio do IBGE é enorme. Ele citou como exemplo a desconfiança de consumidores em relação à taxa média de inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). "Para 50% das pessoas, a inflação está errada, não acreditam no resultado, dizendo que 'lá em casa' não é assim", diz.
Segundo ele, o IBGE precisa fazer um amplo trabalho para tentar explicar o comportamento da inflação para os consumidores. "Na internet página do IBGE, colocamos vídeo para tentar explicar isso.
Olinto também afirmou que a opinião da sociedade também pode afetar a estatística oficial, porque pode prejudicar a apresentação dos dados como informação confiável. "Um exemplo é o IPCA, 50% da população brasileira acha que está errado, porque diz que a inflação dentro da casa deles é diferente. Aí temos que explicar que é uma média. Mas o que é uma média?", reiterando que o IBGE tenta explicar essas dúvidas por meio de vídeos.
O presidente do instituto disse ainda que a relação com a imprensa é um "caminho" para tentar facilitar a informação e o melhor entendimento das pesquisas feitas pelo IBGE. Segundo ele, é uma interface complicada que o órgão está tentando resolver.
"Estamos tentando melhorar cada vez mais a comunicação através de seminários para balizar as demandas e melhorar a linguagem. Está claro que a credibilidade só existe com uma boa relação com a sociedade", disse.
As afirmações foram feitas durante evento na capital paulista na manhã desta quinta-feira no seminário O Papel da Comunicação nos Institutos de Estatística em Tempos de Revolução Digital, promovido pela da Aner.
(Maria Regina Silva e Thaís Barcellos).