Brasília, 15 - O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, reiterou nesta quinta-feira, que está decidido a se licenciar do cargo para apresentar um pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, e acusou o ministro de estar abusando de sua autoridade e evidenciando uma posição político-partidária. "Eu estou sim decidido a apresentar um processo de impeachment que será julgado pelo Senado", afirmou.
Marun destacou que está tendo auxílio de juristas para elaborar a representação e disse que a Constituição prevê que compete ao Senado processar e julgar os ministros do Supremo Tribunal Federal nos crimes de responsabilidade. "Eu não estou inventando", disse. O ministro leu artigos da lei do impeachment e destacou que ela descreve como crime de responsabilidade de ministros do STF exercer atividade político-partidária. "Eu entendo que os dois pesos e duas medidas adotadas em suas decisões pelo senhor ministro Barroso revela que suas preferências político-partidárias começam a interferir no teor de suas decisões e isso é incompatível e constitui crime de responsabilidade", disse, em referência aos indultos natalinos da ex-presidente Dilma Rousseff e do presidente Michel Temer.
Segundo o ministro, a ideia é apresentar o pedido na próxima reunião do Congresso Nacional, que ainda não tem data marcada. Marun assegurou que ainda não conversou com o presidente sobre o assunto e que não iria trabalhar "com a hipótese" de Temer pedir para ele desistir da ideia. "Eu assumo pessoalmente a responsabilidade dessa decisão", declarou.
"Vou levar ao presidente meu pedido de licenciamento no momento que se aproximar a sessão do Congresso", completou, destacando que a decisão de ele retornar ao governo caberá somente ao presidente.
Marun rechaçou a possibilidade de outro parlamentar apresentar o pedido no seu lugar e disse que não perderia esse "momento histórico". "Acha que eu vou trabalhar nisso para passar para outro? Isso é um momento histórico.
O ministro falou que sabe que a atitude é inédita, mas no tom debochado que lhe é característico disse que ele é difícil de engolir. "Já inventaram cerveja que não dá barriga, doce que não engorda, o refrigerante que não engorda e estão querendo inventar o homem diet, o bonzinho, acoelhado. Eu não sou. Eu sou difícil de engolir, eu não sou diet", disse.
O ministro afirmou que nos dois últimos dias consultou uma série de opiniões e que se convenceu que Barroso está "abusando de sua autoridade e sendo parcial nas suas últimas decisões". Marun disse que tem responsabilidade pelos seus atos e assumia pessoalmente a responsabilidade da decisão. "O responsável por essa atitude tem nome e sobrenome e é maior de idade: Carlos Eduardo Marun, 57 anos".
Clonagem
Marun confirmou que teve o seu celular clonado ontem, disse que não foi a primeira vez que isso aconteceu com ele e afirmou que o "clonador" deve estar recebendo "muita mensagem de apoio" à sua decisão de pedir o impeachment de Barroso.
(Carla Araújo).