Em dois atos públicos realizados em Belo Horizonte, movimentos sociais e integrantes do PSOL de Minas se uniram às manifestações nacionais e exigiram a imediata investigação e punição dos assassinos que executaram a sangue frio a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL), militante contra as ações violentas nas favelas.
A parlamentar, que era graduada em Ciências Sociais e mestre em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense, foi a quinta mais votada da cidade do Rio nas eleições em 2016 e era uma das relatoras de comissão na Câmara Municipal que acompanhava a intervenção federal no Estado. A partir das 17h, manifestantes encheram parte da Praça da Estação e, em depoimentos emocionados, denunciaram a violência contra negros, jovens e moradores das periferias.
“Eles nos mandaram um recado e nós estamos mandando outro: não vão passar, não passarão”, discursou a presidente do PSOL de Belo Horizonte, Kátia Salles.
Militantes, apoiadores, muitas pessoas indignadas se juntaram à manifestação com faixas, cartazes. Alguns, silenciosos, em lágrimas.
Antes da praça da Estação, na Casa dos Jornalistas, mulheres dos movimentos negro, feminista, e de causas sociais decidiram, em ato, a organização de um coletivo de todos os coletivos “Somos todas Marielle” para exigir e acompanhar a apuração dos fatos e fazer o enfrentamento contra aqueles que querem calar a militância social e a luta contra a violência dirigida às periferias e às mulheres, principalmente negras.
Emocionada, a professora da UFMG, Marlise Matos, eleitora no Rio de Janeiro, disse ter votado em Marielle e acompanhar o seu trabalho. Especialista dos estudos da participação das mulheres na política, Marlise considerou: “Quando a executaram, quiseram dizer que aquele não era um lugar de mulher ou de uma negra". A ex-secretaria de educação Macaé Evaristo, também assinalou: "A gente sabe que Marielle foi morta por causa da pauta que apresentou, por ter denunciado o genocídio das pessoas negras, por ter se posicionado contra o patriarcado. Esperamos uma apuração, pois pessoas negras são assassinadas todos os dias e isso não acontece somente no Rio de Janeiro", afirmou. “Nós, pretas, vivemos por um triz diariamente”, afirmou Gilmara Souza, integrante do coletivo Pretas em Movimento, assinalando que o crime foi direcionado a uma mulher negra e à causa que ela representa.
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