Uma vereadora foi assassinada a tiros no Rio de Janeiro. “Mas tem que ver se ela...”. “E os outros tantos que são mortos todo dia...”, “E eu que fui assaltado e ninguém falou nada...”. Não é momento de relativizações. Tentar banalizar ou partidarizar o crime ocorrido na noite de quarta-feira é sintoma de indiferença e de desumanidade. A quinta vereadora mais votada do Rio, que lutava pelo direito das mulheres e demonstrava intransigência nas denúncias de racismo e de abuso de autoridade, foi assassinada com nove disparos na cidade que sintetiza as contradições e desigualdades do Brasil, eis o fato.
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Marielle foi perseguida por quatro quilômetros antes de ser morta a tiros'Morte de Marielle foi uma tentativa de silenciá-la', diz ministro da Segurança PúblicaCármen Lúcia diz que ideais de Marielle seguirão em todas as mulheres Assassinatos de líderes políticos são um atentado à democracia, diz Raquel DodgeAssassinato de vereadora é desafio para intervenção no RioAlém do mais, posicionamentos à direita ou à esquerda podem e devem ser debatidos no campo das ideias, não calados com tiros. Por isso, a comoção deve ser de toda a sociedade. Como explicou o cientista político Sérgio Abranches: “A morte de Marielle é mais uma e não é mais uma. Foi a gota d’água. Ou o Brasil se revolta, ou é melhor que se autodeclare um país sem valores, sem respeito e sem direitos.”
“Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”, perguntou Marielle Franco, pouco antes de ser silenciada pela barbárie. Quantos mais precisarão perder a vida de forma violenta para que a desumanização acabe e o país possa voltar a viver em paz?
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