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Estado de Minas

Análise: 'A comoção deve ser de toda a sociedade'


postado em 16/03/2018 07:00 / atualizado em 16/03/2018 08:53

Marielle foi morta a tiros no Rio de Janeiro em plena intervenção federal(foto: Instagram/Reproducao da Internet )
Marielle foi morta a tiros no Rio de Janeiro em plena intervenção federal (foto: Instagram/Reproducao da Internet )

Uma vereadora foi assassinada a tiros no Rio de Janeiro. “Mas tem que ver se ela...”. “E os outros tantos que são mortos todo dia...”, “E eu que fui assaltado e ninguém falou nada...”. Não é momento de relativizações. Tentar banalizar ou partidarizar o crime ocorrido na noite de quarta-feira é sintoma de indiferença e de desumanidade. A quinta vereadora mais votada do Rio, que lutava pelo direito das mulheres e demonstrava intransigência nas denúncias de racismo e de abuso de autoridade, foi assassinada com nove disparos na cidade que sintetiza as contradições e desigualdades do Brasil, eis o fato.

 

As execuções de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes não devem ser vistas apenas como números a ampliar a estatística da violência brasileira. O significado vai além de partidos políticos e movimentos sociais. O ato de violência foi explícito, ostensivo; sequer houve o disfarce de uma tentativa de assalto ou algo parecido. Pelo contrário. Trata-se de uma afronta à civilidade, um recado sangrento dos que têm certeza da impunidade.

Além do mais, posicionamentos à direita ou à esquerda podem e devem ser debatidos no campo das ideias, não calados com tiros. Por isso, a comoção deve ser de toda a sociedade. Como explicou o cientista político Sérgio Abranches: “A morte de Marielle é mais uma e não é mais uma. Foi a gota d’água. Ou o Brasil se revolta, ou é melhor que se autodeclare um país sem valores, sem respeito e sem direitos.”

“Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”, perguntou Marielle Franco, pouco antes de ser silenciada pela barbárie. Quantos mais precisarão perder a vida de forma violenta para que a desumanização acabe e o país possa voltar a viver em paz?

 


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