São Paulo, 16 - Dar uma resposta rápida e eficiente ao brutal assassinato da vereadora Marielle Franco tornou-se o mais imediato desafio da intervenção federal na segurança pública do Rio. Apresentada como "jogada de mestre" pelo governo federal, a ação decidida em Brasília completa nesta sexta-feira, 16, um mês sem apresentar resultados expressivos. E, agora, com um crime brutal e de repercussão internacional para resolver. A ação dos criminosos, segundo especialistas, é vista como uma afronta às autoridades, passando a ideia de que nada pode detê-los.
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Análise: 'A comoção deve ser de toda a sociedade'Marielle foi perseguida por quatro quilômetros antes de ser morta a tirosPrisão de Lula e morte de Marielle são frutos de "escalada autoritária", diz PTPesquisadora da violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Alba Zaluar vê o crime como uma tentativa de afronta às forças de segurança. "Com muita audácia, esse assassinato é uma forma de tentar sabotar a intervenção e de chocar a população. O que apavora é a generalidade da vingança contra quem não fez nenhum mal diretamente reconhecível a seus assassinos", afirma. "Escolheram a vítima para causar impacto.
A criminalista Maíra Fernandes, da Comissão da Mulher do Instituto dos Advogados do Brasil e parceira de militância de Marielle há quase 20 anos, demonstra ceticismo. "Um crime bárbaro, contra uma vereadora, no Rio, após ela ter denunciado, sábado passado, a atuação da PM na favela de Acari. O que a intervenção vai fazer?", questiona ela, em referência à publicação nas redes sociais feita por Marielle. Na internet, a vereadora também vinha se posicionando contra o uso das Forças Armadas na segurança.
Governo
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, deu entrevista na noite desta quinta-feira, 15, no Centro Integrado de Comando e Controle do Rio. Perguntado se achava que o crime poderia simbolizar fracasso da intervenção, ele reagiu, mas reconheceu dificuldades. "A intervenção nunca se propôs a fazer mágica", declarou. "A intervenção se propôs a trabalho, trabalho e trabalho.
Ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun disse que o episódio "é mais uma evidência" de que o governo federal "está no caminho certo" ao decretar a medida.
Em nota, o interventor federal, general Walter Braga Netto, afirmou repudiar "ações criminosas como a que culminou na morte da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes". Ainda segundo a nota, ele acompanha o caso em contato permanente com o secretário de Segurança, general Richard Nunes.
Nesta quinta-feira, militares repetiram o procedimento das últimas semanas: foram à comunidade do Viradouro, em Niterói, na Grande Rio, que foi cercada e teve desobstruídas vias antes bloqueadas por traficantes. A ação repetiu o que foi feito várias vezes na favela Vila Kennedy, zona oeste carioca, onde os bandidos restabelecem as barreiras após o fim das operações..