O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força tarefa da Lava Jato em Curitiba, afirmou nesta sexta-feira que a maior ameaça hoje para a Lava-Jato é a discussão da prisão em segunda instância.
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Deltan: 'se cabem buscas nas favelas, cabem também nos gabinetes do Congresso'Atuação firme, imparcial e técnica, diz Deltan sobre julgadores de LulaMinistros do STF discutem hoje prisão em 2ª instânciaA fala do procurador se deu durante coletiva à imprensa na sede da Procuradoria Regional da República da 4ª Região (PRR-4). Nos dias 15 e 16, procuradores das forças-tarefa das três instâncias do Ministério Público Federal que atuam na Operação Lava-Jato reuniram-se em Porto Alegre.
É a primeira vez que os coordenadores dos grupos de procuradores que atuam em Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF) realizam uma reunião para troca de informações e discussão dos trabalhos.
Mais cedo, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, destacou que a busca por resolutividade é a estratégia prioritária de sua gestão.
Ao avaliar a corrupção, tema central da operação, que completa neste sábado quatro anos, Dallagnol afirma que ela é sistêmica e precisa de resposta sistêmica, o que ainda não aconteceu. "A punição não pode acontecer de modo episódico num caso específico, mas de modo geral. Quanto mais crimes forem punidos, menos as pessoas foram querer praticar crimes."
O procurador acredita que a Lava Jato "tira água de pedra". Em sua avaliação, a operação é um caso excepcional que tem oferecido resposta à sociedade.
"Se queremos mudar, precisamos atacar a corrupção, mudando sistema de justiça que privilegia a impunidade. Para isso, precisamos atacar em várias frentes. Reforma no sistema político, melhora no sistema de licitações, transparência e participação da sociedade no controle das contas públicas."
Ao fazerem um balanço dos quatro anos de investigação, os procuradores afirmaram que ainda há muito a ser feito. Todos defenderam a ampliação das frentes de investigação e denúncias. O procurador Eduardo El-Hage, coordenador da força tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, afirma que o Estado está em uma fase "acelerada de novas operações". "Teremos, até o final do ano, grandes operações a serem deflagradas."
Sobre a Lava-Jato. A primeira fase da Lava-jato foi deflagrada em 17 de março de 2014, em Curitiba, com uma investigação sobre a atuação de quatro doleiros: Nelma Kodama, Raul Srour, Alberto Youssef e Carlos Habib Chater.
Neste período, de acordo com os dados mais recentes, 187 acordos de colaboração foram celebrados perante em todas as instâncias. Deste total, 84% foram firmados com investigados em liberdade e 16% com investigados presos. Ao todo, 160 réus foram condenados em primeira instância, na 13ª Vara Federal de Curitiba e na 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, e 77 em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Colaboradores e empresas que firmaram acordos de leniência se comprometeram a devolver aos cofres públicos cerca de R$ 12 bilhões. Até o momento, aproximadamente R$ 1,9 bilhão já foi recuperado.
Também por meio de colaboração, a estimativa é de que sejam repatriados cerca de R$ 1,3 bilhão, dos quais R$ 149,5 milhões já foram recuperados.
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